Japão – Tóquio – 15º dia

Logo de manhã dirigimo-nos para a zona de Asakusa, junto ao rio Sumida, para visitar o Senso-ji, o maior templo budista de Tóquio.

Antes, porém, abeiramo-nos do rio para ver a Tokyo Sky Tree, a torre de radiodifusão de apenas 634 metrinhos, completada em 2012 e entrada imediatamente para o lugar número 2 do mundo das mais altas estruturas, atrás apenas do Burj Khalifa do Dubai.

O Senso-ji foi, com toda a certeza, o lugar mais povoado que encontrámos em Tóquio, rivalizando intensamente com o Shibuya Crossing. Ainda para mais, foi num domingo que o visitámos e, para além dos turistas de fora de Tóquio, apanhámos também com os locais. Zen é tudo o que não se deve esperar daqui. Incenso talvez, mas encontrões são garantidos. Ainda assim, tirando a confusão do edifício principal, onde se encontra uma estátua enorme de Kannon, a deusa da misericórdia, consegue-se encontrar nos seus jardins alguma tranquilidade e muitas mais divindades. E como é bonito o espaço.

À volta do Senso-ji, designadamente até chegarmos à sua entrada, o mar de gente já anuncia o que nos espera – um sítio super turístico. São lojas e mais lojas cheias de toda a parafernália capaz de adoçar os turistas. As ruas são pedonais e se fugirmos do centro somos ainda capazes de ser contemplados com algum do verdadeiro espírito da antiga Edo.


Aqui perto fica a Kappabashi-dori, também conhecida como a “cidade da cozinha”. É uma rua onde se vende tudo o que se possa imaginar existir de artefactos para fazer de uma banal refeição ou hora de chá um momento encantador e inesquecível. É impossível não nos perdermos a ver pratos e mais pratinhos ou copos e mais copinhos para, de volta a casa, sermos a inveja do bairro. Para além disso, aqui encontramos lojas inteiras que se dedicam à venda dos modelos de itens do menu da maioria dos restaurantes que vemos em Tóquio. Pois é, uma coisa estranhíssima por aqui é vermos pratos com comida que parece mesmo verdadeira em exposição na montra. Que facilita a vida ao turista, facilita, mas que não deixa de ser absolutamente kitsch, ai isso não deixa.

Continuando a caminhada do dia por Tóquio, seguimos para o Parque Ueno (Ueno Koen), onde ficam uma série de museus.

Optámos por visitar o imperdível Museu Nacional de Tóquio, o qual dispõe da maior colecção de arte japonesa, mas também de outras regiões. Mas, já que estávamos no Japão, vamos ao que interessa: aqui encontramos expostos elementos que nos permitem conhecer os inícios e a emergência do budismo no Japão, a adaptação autóctone para o budismo zen, a caligrafia, a arte da cerimónia do chá, alguma roupagem militar, biombos e portas de correr, o teatro no e kabuki e a pintura ukiyo-e. A cultura japonesa é verdadeiramente rica, daí que este museu sirva para aguçar o apetite a quem, de volta para casa, queira saber mais acerca de determinados temas.

O designado Museu Nacional de Tóquio é composto por vários edifícios, mas um deles, o que acolhe a Galeria de Tesouros Horyuji, do arquitecto Yoshio Taniguchi, é ele próprio uma perfeita obra de arte. Há que procurá-lo, que ele está lá, placidamente escondido.

Ainda no Ueno Koen fica outra gabada peça arquitectónica, o Museu Nacional de Arte Ocidental, obra de Corbusier da década de 1950.

Este Parque é muitíssimo concorrido, não só pela cultura que proporciona, mas também em termos de lazer. Aqui existe um lago curioso. Ao princípio tínhamos achado que o desenho no mapa era o de um lago com água, mas surpreendente foi verificar que era um lago, sim, mas cheio de lótus enormes. Diz que é comum no verão os lótus preencherem a água de tal forma que ela deixa de ser visível. Mais uma para o rol de estranhezas da cidade.
 

Saídas do Ueno Koen percorremos a rua que segue por baixo da linha do comboio até Akihabara. É conhecida como a Arcada Ameyoko, antigo mercado negro nos tempos do pós II Grande Guerra. Hoje parece ser um bom lugar para procurar pechinchas, para quem tenha paciência para o seu ar de feira ambulante.

Akihabara é o lugar dos o
taku, os nerds. Quem se encanta pela cultura japonesa actual – urbana e jovem -, que vai desde a indústria electrónica até à manga e anime, vai se sentir aqui como no céu. Este é todo um novo mundo. Akihabara é conhecida como a “cidade da electrónica”, mas hoje vem ganhando o título de “cidade da manga”.

São edifícios inteiros dedicados a todo o equipamento electrónico do passado, presente e futuro. Sim. Mas, são também edifícios inteiros dedicados a esse mercado inacreditável da manga, a banda desenhada japonesa. Universo este que é composto pelos livros, sim, mas também por todo o merchandising à sua volta, como acessórios, roupa, bonecada. E os livros, bem, os livros possuem as temáticas todas, incluindo histórias de rapaz encontra biblicamente rapaz, ou rapariga encontra biblicamente rapariga, ou ambos os quatro se encontram juntos ou separados, em número suficiente para encher vários pisos inteiros. Sério, isto existe?

O fim deste dia intenso terminou numa izakaya recolhida em rua interior de Ginza, numa esplanada improvisada no passeio, mesas ainda mais improvisadas aproveitando grades de cerveja. Seria o último jantar no Japão e ainda hoje tenho a certeza de que poderia ser feliz a alimentar-me todos os dias daqueles petiscos fantásticos.

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