Cascata de Anços

Às portas de Lisboa existe uma sucessão de quedas de água tão incrível que custa a acreditar que não esteja toda a gente a falar dela. Parece que já foi até cenário de telenovela, mas continua e continuará escondida pela vegetação e a depender do passa palavra para ser visitada.

No vale da ribeira do Mourão, a Cascata de Anços passa totalmente despercebida a quem segue pela estrada vindo de Montelavar ou de Negrais. Há que cortar para a rua da Laranjeira, e é por isso que esta também gosta de ser conhecida como a Cascata da Laranjeira. Mais, exige ser conhecida por esse nome, assim mo afirmou o guarda-cascatas local. Por sorte o Tóino dos Bigodes serviu-me de guia para adentrar pela natureza deste pedaço precioso de propriedade particular que até há pouco tempo tinha o acesso totalmente vedado aos forasteiros. Hoje podemos percorrer o trilho pouco pisado mas fácil de identificar. Algumas ruínas de edifícios esquecidos pelo tempo, incluindo mós dos moinhos, são testemunhos da presença do Homem por aqui. Mas é a natureza a grande dominadora do lugar.

Encaixada no dito vale corre, então, a Ribeira do Mourão, afluente do Rio Lizandro. É um fio de água, mas o suficiente para no seu ponto mais exaltante cair de um desnível da rocha de uma altura considerável. Diz o Bigodes que se pode ir até lá cima e aí ficar em sossego em total isolamento. Não sou de escaladas e muitas aventuras e, para além disso, a vista desta cascata desde cá de baixo e a beleza da piscina natural que se forma ao seu redor são suficientes para encher as medidas e recordar este lugar e desejar voltar.

Um tronco no meio do caminho que o guarda-cascatas tornou transitável permite-nos atravessar a ribeira para o outro lado. Continuamos envolvidos pelo bosque e acompanhamos o percurso da ribeira sempre com o seu som como música de fundo. A água é fria, claro, bem guardada pela vegetação. Algures por aqui fica, desculpe o segredo, o frigorífico do Bigodes, um buraquinho na rocha perfeito para acondicionar uma garrafinha de tintol para se usar a qualquer altura do dia enquanto se relaxa neste recanto.

Os desníveis do vale vão-se sucedendo, formando novas quedas de água, umas mais acessíveis do que outras. Quem for aventureiro tem-nas todas para si.

Para além da surpresa das várias cascatas, este vale em Anços é especial também pela enorme e formosa parede rochosa do penedo que o ladeia. Diz o Bigodes que esta é terra de ouro e titânio. Pode até ser, mas hoje a busca deste lugar faz-se por outros motivos mais simples mas também valiosos: o de ali se passar um bom momento, em plena tranquilidade e comunhão com a natureza.

2 Comments Add yours

  1. e andessemparar prá minha lista de feeds!

    Descobrir hoje que tenho isto aqui ao virar da esquina quase que dá raiva 🙂

    Na primeira nesga de sol, estou lá. Obrigado!

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    1. E parece que para os lados de Sintra, Fervença, também há outra cascata bem bonita. Em breve irei averiguar 😉

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