Sirvozelo, o elogio da pedra

Nem me lembro mais porque achei que Sirvozelo devia ser uma paragem a visitar depois de deixar Pitões das Júnias a caminho de Vilarinho de Negrões. Há que fazer um desvio, mas no meu plano inicial achei que tinha de o fazer. E em boa hora o fiz.

Sirvozelo fica a sudoeste da Albufeira da Paradela, na bacia hidrográfica do rio Cávado, no concelho de Montalegre, limites do Parque Nacional Peneda Gerês. Estas são as Terras do Barroso, fortes em tradição e zelosas da sua identidade.

Sirvozelo é uma aldeia típica de Portugal. Para o bem, mas também para o mal. Está deserta. Os Censos de 2011 contabilizaram apenas 3 habitantes no povoado. Mas apesar da ausência de humanos, não sendo difícil arriscar que os animais estarão aqui em maior número, o interesse e a beleza deste povoado está na parceria Natureza-Homem que aqui deixou a sua marca.

O topónimo Sirvozelo derivará de “terra silvosa”, mas são as pedras que aqui fazem toda a diferença na paisagem. Terra de penedos e de poderosos e gigantescos monólitos de granito, as suas casas foram construídas de forma a aproveitar estes abrigos naturais. É vê-las encostadinhas aos pedregulhos. Parece até que os estão a sustentar. Alguns destes blocos têm formas magníficas e é incrível constatar como se equilibram. O Largo principal da povoação, onde fica a Capela, toma o nome de “Largo do Arrebatadouro”, e é isso mesmo que Sirvozelo faz em nós: arrebata-nos.

A volta à povoação faz-se num pulinho. As casas, de construção tradicional, são todas em pedra, excepção para os telhados em telha ocre, substitutos do já pouco usado colmo. Vemos os clássicos canastros. E vemos uns pedaços de terra verde, divididos e talvez prontos para o cultivo. Tudo isto guardado por formosos penedos.

3 Comments Add yours

  1. parece que a aldeia faz parte da pedra
    impressionante!

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  2. Carlos Afonso diz:

    Não são 3 pessoas somos 8 a mais velha e o meu pai com 85 anos e a mais nova o meu filho com 3. Contudo uma padeira que estava numa das janelas da minha casa e que hoje não está nesse local segundo um arqueólogo do parque e mais antiga que Portugal.

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    1. Bom saber que há crianças numa das povoações mais fantásticas que já tive oportunidade de conhecer. E bom seria se mais se juntassem a vós.

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