Castelos da Escócia

A Escócia, terra de cenários grandiosos, é muitas vezes imaginada com castelos a compor esses cenários. E a imagem é verdadeira. Terra de castelos, muitos castelos, eles estão espalhados pelo território de toda a nação, continental ou ilhas. De diferentes épocas e tipologias, fortificações ou palácios, o seu estado de conservação é também diverso. Porém, uma ruína pode ter mais encanto do que um castelo inteiro e luxuoso. E, as mais das vezes, é a sua implantação que faz com que seja mais desejado e recordado.

Um aviso prévio: são tantos os castelos escoceses, e quase todos de entrada paga, que há que fazer uma selecção de quais visitar. O Explorer Pass, válido para 14 dias , tem uma boa oferta com alguns dos castelos mais conhecidos. Outra opção é tornar-se membro anual do Historic Scotland. O que é garantido é que, para conheceremos uns quantos castelos da Escócia, teremos de abrir os cordões à bolsa. Em anteriores posts escrevemos sobre o Castelo de Edimburgo, o mais visitado, e o Castelo de Balmoral, um dos mais famosos. Agora, começaremos este nosso passeio pelo castelo que mais nos impressionou, o Castelo de Dunnottar.

Castelo Dunnottar

Ruína de uma fortaleza inspiradora, no cimo de uma falésia rochosa entre baías, o Castelo Dunnottar é possuidor de um cenário arrebatador. Muito negligenciado até 1925, é hoje uma das grandes atracções da Escócia – o seu lema é “uma vez visto, nunca esquecido”.

Castelo Dunnottar
Castelo Dunnottar

Na costa nordeste no Aberdeenshire, foi casa dos Earl Marischal, então uma das mais poderosas famílias da região. Ainda que as fortificações instaladas no lugar tenham sido muito anteriores, o castelo que vemos hoje foi ganhando forma ao longo dos séculos 15 e 16 e por ele passaram nomes grandes da história escocesa, como William Wallace, Mary Queen of Scots, o Marquês de Montrose e o futuro rei Charles II. E foi nele que uma pequena guarnição conseguiu suster a poderosa armada de Oliver Cromwell, por 8 meses, assim salvando da destruição as jóias da coroa escocesa, as “Honours of Scotland”. Uma página negra na vida do castelo, porém, foi a prisão de 167 covenanters (membros de um movimento religioso e político escocês do século 17, que apoiava a Igreja Presbiteriana da Escócia e a primazia de seus líderes em assuntos religiosos), quando em 1685 se recusaram reconhecer a supremacia do rei em matéria espiritual. E o Castelo Dunnottar foi ainda parte da história durante o século 18, nomeadamente aquando das rebeliões Jacobitas, graças à sua localização estratégica.

Castelo Dunnottar
Castelo Dunnottar

Efectivamente, ao caminharmos pelo recinto do Castelo, passando pelos vários edifícios que o compõem e onde terão sido vividos os acontecimentos acima referidos, sentimo-nos parte da história. O mais antigo edifício a chegar até nós é o The Keep ou Tower House, do século 14 – entramos e tentamos imaginar como terá sido o seu grande salão, usado como sala de jantar e salão de recepções, enquanto admiramos o mar pelas molduras das janelas que já lá não estão. No lado contrário do recinto está o edifício que correspondia ao palácio, com cisterna à entrada, onde há mais para descobrir, nomeadamente, o salão de desenho, restaurado no século passado, apresentando um tecto com painéis onde se veem as iniciais dos reis. No entanto, pese embora as histórias vividas e os testemunhos materiais dela, é a localização fabulosa do Castelo Dunnottar que perdurará na nossa memória.

Castelo de Stirling
Castelo de Stirling

O Castelo de Stirling é outro de visita obrigatória para qualquer amante de castelos. Antigo palácio real, começou a ser construído na década de 1530 pelo rei James V, que procedeu à decoração quer do exterior como dos interiores de forma a promover a sua autoridade e demonstrar o seu direito a reinar.

Castelo de Stirling
Castelo de Stirling
Castelo de Stirling
Castelo de Stirling
Castelo de Stirling

A fachada possui cerca de 250 esculturas desenhadas, no sentido de proclamar a paz, prosperidade e justiça do seu reino. Típico da renascença escocesa, o Castelo de Stirling inclui diversos edifícios e um jardim florido. No interior visitamos diversas das suas salas, onde se apresentam telas, mobiliário e elementos decorativos vários, bem como lareiras em algumas delas.

Castelo de Stirling
Castelo de Stirling

Mas o maior destaque vai para as Stirling Heads (Cabeças de Stirling), esculpidas em madeira, em exposição numa das galerias do castelo. Estavam no tecto de uma das suas salas, mas foram retiradas quando o tecto começou a cair, em 1777. Retirados os originais, agora vê-se o tecto do King’s Inner Hall (onde o rei mantinha as audiências com os embaixadores e membros da corte e nobres) exuberantemente pintado com cópias das Stirling Heads originais, assim dando um cheirinho do que esta maravilha da Renascença terá sido. As Stirling Heads tiveram como propósito declarar o estatuto do rei James V como monarca europeu, proclamando a sua linhagem real, ligações poderosas, corte elegante e um governante sábio e virtuoso.

Castelo de Crathes
Castelo de Crathes
Castelo de Crathes

Ao Castelo de Crathes limitámo-nos a espreitar a sua fachada e envolvente, muito bonita, por sinal. O caminho até ao edifício principal tem início logo na companhia de um lago, ao que se seguem uma série de árvores de grande porte. Construído no século 16, é uma casa-torre que se manteve na família por cerca de 350 anos, sendo desde há 70 anos propriedade do National Trust for Scotland. A visita inclui o interior e o jardim murado – em muitos castelos, os jardins costumam ser um destaque tão grande como o próprio castelo ou palácio; é o caso deste.

Castelo Urquhart
Castelo Urquhart
Castelo Urquhart

O Castelo Urquhart, à beira do Loch Ness, é outro dos mais visitados da Escócia. Transformado muitas vezes ao longo da história, a sua arquitectura foi ditada mais por considerações sociais do que defensivas, acabando assim por ser o resultado das suas circunstâncias. Crê-se que a primeira estrutura defensiva tenha sido construída por volta de 500, no topo de um monte junto ao lago, tendo o castelo surgido apenas no século 13. No século 15 foi palco de guerras entre os lordes MacDonald e a Coroa, o que danificou muitas das estruturas. No século 16 tornou-se residência dos Grants, com a reconstrução do donjon como casa / torre. Hoje, mais do que a história, o que marca na visita ao Castelo Urquhart é a sua bela implantação.

Castelo Eilean Donan

Ao Castelo Eilean Donan chegámos já passada a hora de visita. Chovia muito, o céu estava fechado, o clima não era de todo o ideal para se apreciar um dos castelos cuja implantação é de sonho. A caminho da Ilha de Skye, este castelo construído no século 13 para defesa dos ataques vikings fica numa ilha num braço de mar que mais parece um lago, cenário rodeado de montanhas. Um dos mais fotografados da Escócia, restou-nos a foto possível.

Catedral de Elgin

Para o final deste périplo pelos castelos da Escócia, abrimos espaço para a inclusão de uma catedral fortificada, a Catedral de Elgin, cuja majestade é comparável à dos castelos. Na maior cidade do distrito de Moray, com um centro histórico que preserva o seu passado medieval, a Catedral foi construída em 1224 e era então o coração de um próspero complexo religioso. Murada, estava rodeada de acomodações para os dignitários da igreja. Todo o espaço é hoje uma monumental ruína: a torre central da catedral colapsou no domingo de Páscoa de 1711, em consequência de abandono anterior, e no interior do complexo caminhamos agora pela nave da catedral, como se de um jardim se tratasse.

Catedral de Elgin
Catedral de Elgin
Catedral de Elgin
Catedral de Elgin
Catedral de Elgin
Catedral de Elgin

Vamos passando por diversos túmulos e efígies, cheios de detalhes decorativos e artísticos esculpidos na pedra para descobrir, incluindo uma pedra Pictish. Ao fundo está a Casa do Capítulo, igualmente imperdível. O que resta das torres da catedral foi transformado em espaço museológico, reunindo uma espectacular colecção de pedra esculpida de Elgin – destaque para os muito expressivos rostos e olhares das figuras representadas e para os capitéis esculpidos da centenária catedral, nomeadamente para a sua folhagem florescente, designada “floresta sagrada”. Não é à toa que a Catedral de Elgin vem descrita como “a história na pedra”. A escadaria em espiral, estreita e com degraus altos, transporta-nos por 4 andares, donde obtemos vistas altaneiras para todo o recinto e paisagem envolvente.

Catedral de Elgin

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