Categoria: Hong Kong
Avenue of Stars
Não esquecer que a indústria do cinema de Hong Kong chegou a ser a terceira maior do mundo, logo atrás de Hollywood e Bollywood, e é desde sempre objecto de culto. Seja pelos filmes de artes marciais, seja pelo melodrama de Wong Kar-wai (apesar de o cinema de Hong Kong ter começado a ser forte muito antes destes dois).
No entanto, a mim agrada-me a acção de Johnnie To, com as tríades e as ruas menos centrais de Kowloon representadas no seu cinema, como em The Mission, ou o belíssimo Sparrow, sobre um grupo de carteiristas que mais parece bailar enquanto rouba.
Templo Wong Tai Sin
A este templo taoista, mas com influências confucionistas e budistas, vem gente de todos os estratos da sociedade de Hong Kong, fazendo-se acompanhar de oferendas como frutas e outros alimentos para as suas divindades. Acendem os seus pauzinhos da sorte e rezam.
Convento de Freiras Chi Lin
O Convento de Freiras Chi Lin, em Diamond Hill, Kowloon, é um recanto de beleza e tranquilidade rodeado por prédios imensos.
Kowloon
Nem assim, conseguiram retirar as atenções do vizinho hotel The Peninsula, ainda hoje um dos mais glamourosos da Ásia. Esta zona tem uns quantos hotéis luxuosos, a condizer com a vista que proporcionam, só acessíveis a uns quantos.
Mas Kowloon é muito mais do que edifícios.
Caminhando Nathan Road acima encontramos as lojas de marca acessíveis ao bolso médio. Entrando pelo bairro de Yau Ma Tei, as suas ruas laterais são tomadas pelos inúmeros mercados, sendo o mais conhecido o Temple Street Night. Dizem que aqui se encontra de tudo, mas, seguindo uma tradição longa que inclui o Grande Bazar de Istambul, não consegui uma vez mais comprar nada. Para os meus sentidos, as imitações pareceram pindéricas. Os próprios vendedores sabem que estão a vender objectos falsos e fazem questão de o demonstrar na confecção dos objectos.
Achei mais piada à zona de Mong Kok, mais para norte. Aqui temos quarteirões inteiros dedicados ao comércio de uma só actividade. Seja de computadores (ou mais modernamente tablets), aquários e comida para peixinhos, comida e utensílios para cãezinhos, flores. Até um jardim dos pássaros, onde os seus donos os vão passear dentro das suas gaiolas e depois ficam ali ouvindo-os cantar e, por vezes, soltando-os um pouco.
Mais afastado do centro de Kowloon ficam duas atracções que só por si merecem que Hong Kong seja incluída nos nossos itinerários: o Templo de Sik Sik Yuen Wong Tai Sin e o Convento de Freiras Chi Lin (ver postes seguintes)
Parques de Hong Kong
Neste pedaço de ilha que outrora estava por inteiro coberto de vegetação e cuja parte norte está hoje tomada de betão, encontramos, ainda assim, uns parques que são um verdadeiro escape citadino.
Instalações desportivas é o que também não falta ao Kowloon Park, na outra margem do Porto Victoria, já no continente. Para além da piscina e campos de ténis da ordem, tem ainda um aviário e uma Mesquita, a qual chegou antes do parque. Tem ainda um jardim chinês com um lago com flor de lótus rodeado de arcadas. Naquele domingo estavam ocupadas com a reunião de uma série de mulheres jovens, creio que filipinas e / ou indonésias, que trabalham nas casas de Hong Kong. Aos domingos e feriados – como foi o caso do 1o dia de Janeiro – elas tomam de assalto qualquer lugar público da cidade, seja um parque ou o passeio, a escadaria ou hall de um edifício. Vêm acompanhadas de pedaços grandes de cartões para colocarem no chão e se sentarem e para dividirem o espaço de cada um dos grupos. E ficam ali o dia todo a comer, conviver, cantar. Uma folga na vida de trabalhadora estrangeira.
Uma Volta à Ilha – Stanley, Aberdeen e Repulse Bay
Mas voltando ao porto de Aberdeen, onde é quase impossível escapar à pressão dos locais para fazermos um passeio de Sampan, o mais pitoresco é observarmos como muitos dos barcos hoje servem de casa. Uma distraída olhada e vemos roupa estendida; um olhar mais atento deixa-nos ver canteiros de flores a decorar a entrada destas casas improvisadas. Ou seja, sem darmos por isso estamos a ser testemunhas do dia a dia de uma família que teve de se adaptar a uma nova realidade. Não esquecendo, no entanto, que os rios sempre foram lugar de vida, onde se acorda, trabalha, descansa e dorme.
A próxima e última paragem desta jornada foi Repulse Bay, mais elegante do que Stanley e onde os ricos possuem a sua casa. Também, pudera. O visual desta zona é fantástico e ao virar de uma curva ainda plena de vegetação aparece-nos uma baia com uma praia de cortar a respiração, como Deep Water Bay, perto de Repulse Bay.
Este é uma colecção de divindades, com um sem número de estátuas, algumas delas enormes, representando diferentes figuras na mitologia chinesa. Mesmo não acreditando naquelas crenças de que se fizeres isto vais ter aquilo, vale bem a pena andar por ali observando todas estas imagens.
Sheung Wan
O nosso hotel ficava em Sheung Wang, diz-se que um bairro com um cheirinho da Xangai antiga. Da janela do nosso quarto minúsculo tínhamos a vista do Porto Victoria e mesmo em frente, em Kowloon, o edifício do International Commerce Centre, com 484 metros, o que faz dele o mais alto de Hong Kong e o quinto mais alto do mundo. Foi ele que nos deu as boas vindas a 2013, pois passámos a meia-noite no Parque Sun Yat Sen, bem em frente ao hotel. Pensava fugir à confusão vendo daqui o fogo-de-artifício a sair do Two IFC, como nos anos anteriores, mas desta vez mudaram a festa para o Hong Kong Convention & Exhibition Centre em Wan Chai e não vi mais do que uns vislumbres do fogo-de-artifício. Sem problema, pelo menos fugi mesmo da confusão.
Sheung Wan, apesar de junto ao porto, tem umas quantas ruas inclinadas e é lugar de lojas e negócios tradicionais, como herbanários, antiguidades e, principalmente, toda a sorte de espécies do mar que são deixadas a secar. E também cogumelos e mais um sem número de elementos não identificados. Tudo seco.
O eléctrico típico da região, o Hong Kong Tramways, um dos primeiros transportes da cidade, atravessa quase toda a zona norte da ilha, sendo Sheung Wan uma das contempladas, daí que esta seja uma das melhores opções de transporte para este bairro, que fica ainda perto do terminal de ferries para Macau.
Entre vários templos, por aqui fica também o Templo Man Mo, como não podia deixar de ser encravado entre prédios imensos e com um cheiro de incenso forte. Este é um dos mais antigos e famosos templos de Hong Kong e bem especial para mim, pois uma das duas divindades a quem está consagrado é a Man, o deus da literatura.
Hong Kong – Centro da Ilha
Apesar de hoje se verem cada vez mais arranha-céus em Kowloon, como se fosse uma competição face a face com os da ilha, a maioria e os mais conhecidos ficam na ilha de Hong Kong, concentrados sobretudo na Central e Wan Chai.
Outro a registar é o edifício da Torre do Banco da China, o qual parece desafiar as leis da geometria, tornando-se mais estreito quando está mais perto do céu. Apesar dos chineses considerarem que ele vai contra os princípios do feng shui, só temos de lhe agradecer por nos deixar ir no seu elevador supersónico até ao 43º andar e ganharmos uma outra perspectiva da cidade.
Uma palavrinha para o Hong Kong Convention & Exhibition Centre, em Wan Chai. Todo em vidro, do seu interior temos acesso a toda a vizinhança, o que inclui a outra margem do Porto Victoria. E vemos que as obras não param nunca em Hong Kong, e parece haver sempre mais terreno para ganhar às águas.
Outra palavrinha para a Catedral de St John’s, edifício colonial do século XIX a destoar da paisagem futurista. Mas o mais interessante é constatar como apesar de tão diferentes estes edifícios conviverem tão bem.
As Vistas de Hong Kong
Hong Kong tem também cenários naturais belíssimos, mas as vistas que se procuram são as dos seus edifícios enormes, a disputarem o céu. Uns mais elegantes do que outros, quase todos eles bem juntinhos.
– desde o The Peak, o ponto mais alto da ilha, a cerca de 370 metros de altitude. Há duas opções para se alcançar o pico donde teremos uma das vistas mais espectaculares do mundo. Ou através do Peak Tram, numa curta subida. Ou através do autocarro, numa longa volta com direito a todos os cenários que não se devem perder, incluindo, digamos, as traseiras da ilha, com as suas enseadas mais do que cénicas.