Categoria: Japão
Tóquio – algumas apreciações
Tóquio não é uma cidade bonita, daquelas que lembraremos pelas formas das suas colinas ou pelo rebolar dos seus rios. Mesmo os seus arranha-céus, com excepção de uns poucos, não são facilmente identificáveis no skyline da cidade. Mas tem uma vida contagiante. A qualquer hora do dia se sente movimento, jovem e louco em Shibuya ou Akihabara, artístico e de negócios em Ropoongi ou Midtown, turístico e cerimonioso no Senso-ji, consumista em Ginza e Aoyama.
Japão – Tóquio – 16º dia
Pode ser esquisito, mas também não me importava de começar mais vezes os meus dias com um pequeno-almoço de sushi – uma das experiências que não se deve perder em Tóquio, em especial quando se visita o Mercado Tsukiji.
O mercado exterior é óptimo para ir petiscando, uma vez que os comerciantes fazem questão de nos dar a provar algumas das suas iguarias.
O Roppongi Hillstem-nos a dar as boas vindas diversas esculturas, entre as quais o Maman de Louise Bourgeois, a aranha gigante que já tínhamos visto em Londres e Bilbau. A sua maior atracção é a Torre Mori, de 54 andares. Nos andares 52 e 53 fica o Mori Art Museum e no último andar o observatório Tokyo City View, havendo ainda a possibilidade de subir ao telhado para ver o Sky Deck por mais uns yenes. Dizer desde já que pela vista não merece a pena, uma vez que a nossa capacidade de circular pelo telhado é bastante limitada, ficando, ao invés, com uma excelente vista para o heliporto. Mas dizer, também, que foi a melhor compra que podíamos ter feito porque a jovem funcionária dos bilhetes se baralhou toda na venda e em troca da nossa nota de 5000 yenes para pagamento deu-nos de troco 6000 yenes. Resultado: estávamos tão aflitas com o dinheiro, que não queríamos que sobrasse para não perdermos com os câmbios, que na verdade faltava-nos era dinheiro. Graças à menina que, pelo menos momentaneamente não soube fazer contas, pudemos ficar com mais dinheiro e tempo livre para seguirmos para o aeroporto num autocarro directo que saia mesmo junto ao nosso hotel. Sugoi de su ne!
A vista da Mori Towerfoi a melhor que encontrámos. Tempo limpo, dava para a nossa vista alcançar muito e tentar compreender melhor a ligação entre os bairros da cidade. Aqui de cima tudo ficou mais claro e percebemos que Aoyama e o seu mega cemitério é mesmo aqui ao pé. Isto anda tudo ligado. A Torre de Tóquio, famosa marca da cidade, espécie de Torre Eiffel mas em vermelho, estava ali mesmo à nossa disposição visual.
O Tokyo Midtown é igualmente um muito bem sucedido projecto de arquitectura urbana com diversas funcionalidades. Com espaços públicos muito agradáveis, quase fazendo esquecer que estamos numa das maiores metrópoles do mundo, possui um jardim no qual está instalado uma jóia da arquitectura, o 21 Design Sight, de Tadao Ando. Se em Kyoto tínhamos visitado um seu edifício residencial que achámos muito discreto e se o Omotesando Hills em Tóquio não tinha deslumbrado, as linhas deste centro cultural voltaram a fazer com que a minha admiração por Tadao crescesse. Simplesmente perfeito em arquitectura e enquadramento.
Para finalizar a nossa passagem por Tóquio, tempo ainda para um passeio e uma descansada pelos jardins do Palácio Imperial. Bonito, algo isolado da confusão, mas com os arranha-céus ao fundo para não nos deixar esquecer que estávamos em Tóquio.
Japão – Tóquio – 15º dia
Logo de manhã dirigimo-nos para a zona de Asakusa, junto ao rio Sumida, para visitar o Senso-ji, o maior templo budista de Tóquio.
Antes, porém, abeiramo-nos do rio para ver a Tokyo Sky Tree, a torre de radiodifusão de apenas 634 metrinhos, completada em 2012 e entrada imediatamente para o lugar número 2 do mundo das mais altas estruturas, atrás apenas do Burj Khalifa do Dubai.
O Senso-ji foi, com toda a certeza, o lugar mais povoado que encontrámos em Tóquio, rivalizando intensamente com o Shibuya Crossing. Ainda para mais, foi num domingo que o visitámos e, para além dos turistas de fora de Tóquio, apanhámos também com os locais. Zen é tudo o que não se deve esperar daqui. Incenso talvez, mas encontrões são garantidos. Ainda assim, tirando a confusão do edifício principal, onde se encontra uma estátua enorme de Kannon, a deusa da misericórdia, consegue-se encontrar nos seus jardins alguma tranquilidade e muitas mais divindades. E como é bonito o espaço.
Aqui perto fica a Kappabashi-dori, também conhecida como a “cidade da cozinha”. É uma rua onde se vende tudo o que se possa imaginar existir de artefactos para fazer de uma banal refeição ou hora de chá um momento encantador e inesquecível. É impossível não nos perdermos a ver pratos e mais pratinhos ou copos e mais copinhos para, de volta a casa, sermos a inveja do bairro. Para além disso, aqui encontramos lojas inteiras que se dedicam à venda dos modelos de itens do menu da maioria dos restaurantes que vemos em Tóquio. Pois é, uma coisa estranhíssima por aqui é vermos pratos com comida que parece mesmo verdadeira em exposição na montra. Que facilita a vida ao turista, facilita, mas que não deixa de ser absolutamente kitsch, ai isso não deixa.
Optámos por visitar o imperdível Museu Nacional de Tóquio, o qual dispõe da maior colecção de arte japonesa, mas também de outras regiões. Mas, já que estávamos no Japão, vamos ao que interessa: aqui encontramos expostos elementos que nos permitem conhecer os inícios e a emergência do budismo no Japão, a adaptação autóctone para o budismo zen, a caligrafia, a arte da cerimónia do chá, alguma roupagem militar, biombos e portas de correr, o teatro no e kabuki e a pintura ukiyo-e. A cultura japonesa é verdadeiramente rica, daí que este museu sirva para aguçar o apetite a quem, de volta para casa, queira saber mais acerca de determinados temas.
O designado Museu Nacional de Tóquio é composto por vários edifícios, mas um deles, o que acolhe a Galeria de Tesouros Horyuji, do arquitecto Yoshio Taniguchi, é ele próprio uma perfeita obra de arte. Há que procurá-lo, que ele está lá, placidamente escondido.
Ainda no Ueno Koen fica outra gabada peça arquitectónica, o Museu Nacional de Arte Ocidental, obra de Corbusier da década de 1950.
taku, os nerds. Quem se encanta pela cultura japonesa actual – urbana e jovem -, que vai desde a indústria electrónica até à manga e anime, vai se sentir aqui como no céu. Este é todo um novo mundo. Akihabara é conhecida como a “cidade da electrónica”, mas hoje vem ganhando o título de “cidade da manga”.
São edifícios inteiros dedicados a todo o equipamento electrónico do passado, presente e futuro. Sim. Mas, são também edifícios inteiros dedicados a esse mercado inacreditável da manga, a banda desenhada japonesa. Universo este que é composto pelos livros, sim, mas também por todo o merchandising à sua volta, como acessórios, roupa, bonecada. E os livros, bem, os livros possuem as temáticas todas, incluindo histórias de rapaz encontra biblicamente rapaz, ou rapariga encontra biblicamente rapariga, ou ambos os quatro se encontram juntos ou separados, em número suficiente para encher vários pisos inteiros. Sério, isto existe?
Japão – Shimoda e Shirahama – 13º e 14º dias
A uma sexta-feira decidimos ir passar uma espécie de meio fim-de-semana à Península de Izu, uma escapada algo comum para os habitantes de Tóquio. O local eleito foi o mais a sul nesta Península, Shimoda, a pouco mais de duas horas de comboio não directo de Tóquio. A viagem é extremamente agradável, em especial o troço que segue de Ito até Izukyu Shimoda (é este o nome correcto da estação, só Shimoda induz-nos em erro e leva-nos para outro lado). Quase sempre junto ao Pacífico, vamos vendo a água super azul, num belo contraste com o verde da vegetação.
Shimoda já aparecia em documentos históricos de períodos antigos do Japão, mas o seu papel na história ficou definitivamente cravado quando na década de 1850 teve um contributo decisivo para a abertura do país do sol nascente. Foi na sua baía que os “black ships” do Comodoro Matthew Perry aqui aportaram em primeiro lugar e, assim, a cidade de Shimoda tornou-se o primeiro porto japonês a abrir-se aos estrangeiros, acabando com a política de séculos de seclusão do xogunato Tokugawa. Tratados foram aqui assinados com os americanos e, anos mais tarde, tratados voltariam aqui a ser assinados com os russos.
A costa é bordejada por montes cheios de vegetação. Ao contrário da calmaria das águas da baía, as ondas num mar algo revolto teimavam em bater junto às rochas na costa mais aberta. O suficiente para abrir o apetite da mana para a sessão de surf que esperava vir a ter mais tarde.
Shimoda tem vindo a transformar-se de porto de pesca para centro de turismo. No entanto, não lembro de nos termos cruzado com um só turista, quer junto à costa quer nas suas ruas. Estas possuem um ambiente de cidade perdida, peixe deixado a secar à porta, cafés e comércio que poderíamos encontrar numa aldeia portuguesa. A Rua Perry, pelo contrário, é bem distinta. Com um canal a dividir os dois lados da rua, aqui encontramos um ambiente mais vivo, lojas de artesanato, cafés com estilo, rua lindamente decorada com flores.
Shirahama é ainda descrita como uma surf city. Por sorte, na tarde em que chegámos havia condições suficientes para qualquer surfista se divertir um pouco. E para qualquer banhista ter um dos seus primeiros dias de praia do ano (no dia 11 de Julho? Onde é que isto já se viu? Cortesia de São Pedro para Lisboa 2014).
A praia é bonita. O enquadramento é especial, com muito verde à volta. Os edifícios que a acompanham não são nada de especial, e existe mesmo lá um hotel mamarracho que não faz falta nenhuma (se fosse necessária confirmação, não é só em Portugal que existem atentados à paisagem). Mas no final da praia, sobre uma rocha saída, existe um santuário xintoísta – apenas o tori – que o torna um dos mais bem localizados em todo o mundo, certamente.
Foi, aliás, a lua cheia que nos safou quando terminámos a nossa tarde na praia e nos pusemos a caminhar para tentar descobrir outras praias vizinhas, passando por uns templos. Quando voltámos era já noite e a rua principal não tinha iluminação. Arranjar um restaurante também não foi muito fácil, uma vez que as alternativas não eram muitas. A verdade é que Shirahama não está assim tão desenvolvida. É uma perfeita cidade de praia perdida no mundo e isso é bom, muito bom.
Uns levam a tenda – literalmente – e todos os apetrechos indispensáveis a um bom dia de praia, como carne e champanhe. Todos possuem bóia como amiga inseparável no momento de ir molhar os pezinhos. Outro (foi só um) escolhe usar como indumentária a roupa que o Borat imortalizou, mas desta vez em cor-de-rosa e, depois do almoço, em verde choc. Este senhor estava mesmo deitado ao nosso lado, com um género de capacete a protegê-lo do sol, e nem queríamos acreditar na figurinha.
Praia no Japão? Diversão garantida.
Japão – Fuji – 11º e 12º dias
De manhã seguimos de comboio, cerca de duas horas não directas, para o digníssimo Fuji-san, a montanha sagrada dos japoneses. Eis um bom site sobre a ascensão ao Fuji.
O Fuji-san, vê-se à distância, é soberbo na sua elegância. São 3776 metros de pura majestade, ainda salpicados neste mês de Julho aqui e ali com linhas de neve, que o tornam ainda mais distinto. Da janela do comboio, é impossível afastar o olhar da sua formosura cónica. Perfeito.
Uma coisa não mudou, porém: a sua ascensão implica alguma devoção. Não que subir ao topo do Fuji-san seja uma missão só para uns poucos Hércules. Nada disso. O trilho está bem marcado, sendo o de Yoshidaguchi o mais concorrido, e vê-se por aqui, pelo menos no início da caminhada na 5a Estação (que há quem a inicie desde mais abaixo), todo o tipo de pessoas. Jovens que parecem estar em boa forma, jovens que parecem ter estreado umas botas / ténis só naquele momento, grupos de adolescentes em excursão da escola, famílias com filhos pequenos, cinquentões já bem entradotes, homens e mulheres. A questão é que os cerca de 7 quilómetros até ao topo, mais ou menos percorridos em 6 horas, são efectuados numa subida constante, nem sempre num terreno fácil. E, depois, há que sobretudo contar com as surpresas da altitude, que os corpos não reagem todos da mesma maneira. No meu caso direi que comecei por apreciar a quase base da montanha, terra negra a lembrar a sua origem vulcânica, mas surpreendentemente cercada de uma vegetação verdíssima. O contraste é mais uma daqueles imagens que não sairão da memória, a juntar a toda a beleza do Fuji-san. À medida que ia subindo, tentando acompanhar o ritmo louco da mana, que certamente deveria querer bater um qualquer recorde (dizer, para antecipar, que não iríamos precisar das 6 horas de média previstas para a ascensão), fui deixando de poder apreciar a paisagem em toda a sua plenitude. Entre uma golfada de ar e outra a atenção a dispensar aos pormenores foi sendo inadvertidamente reduzida.
O plano era chegar até à estação 8,5 onde iríamos pernoitar no nosso abrigo de montanha, o Goraiko-kan, a 3450 metros, a apenas 800 metros do objectivo final, a 45 minutos de distância, mais coisa menos coisa. Este é o último abrigo. Chegámos aqui por volta das 18:00, sempre com um dia bom, sem chuva e sem vento, e com necessidade apenas no último quilómetro de vestir algo mais do que uma t-shirt. Ainda tínhamos mais uma hora de luz, mas deixámo-nos ficar ali, a ver as nuvens que se iam pondo abaixo de nós. Jantar às 18:30 e cama logo de seguida, que o despertar estava previsto para as 4:00 da madrugada para ver o sol nascer. O abrigo é uma cabana onde parte é zona comum, onde se toma as refeições, e a outra parte é o dormitório, onde as ovelhas, perdão, as pessoas são colocadas para dormir. Uma vez que este dia não calhou a um fim de semana, nem a época alta estava no seu pico, pudemos dormir a uma distância de cerca de 30 centímetros do colega do lado. Sorte que de um lado eu tinha uma parede e do outro a mana.
Estávamos avisadas de que o clima por aqui muda com muita frequência, daí que mesmo que se inicie a ascensão com sol de 30 graus devamos levar conosco roupa adequada ao tempo frio e de chuva. Ao fim da tarde, a conversa dos rapazes do abrigo (eles vivem ali?) sobre tufão e coisas do género, bem como o facto de meia-hora depois de termos chegado com tempo lindo se ter posto um tempo fechado e chuva, deveria ter servido de alerta. Durante a noite, mal dormida, a sempre corajosa mana dizia-me que estava com medo. Não era para menos. O barulho do vento era arrepiante e o facto de estarmos num abrigo de madeira a mais de 3000 metros de altitude não ajudava. A ideia era: mesmo que daqui a pouco não consigamos subir os 800 metros que nos faltam, como é que vamos conseguir descer os 6 quilómetros já conhecidos?
Nós descemos mal o dia raiou e não foi muito fácil. O vento era intenso e empurrava-nos de tal forma que tínhamos de cravar bem os pés na terra.
A manhã em Kawaguchiko foi triste. Do seu lago nada de avistar o Fuji-san. Aliás, com aquele tempo, podíamos caminhar por toda a região próxima deste ícone que não o vislumbraríamos. Mas, há que dizê-lo, esta região será fantástica para caminhadas e mais contacto com a natureza, para além de existirem também aqui uns quantos onsen.
Depois de mais um passeio até Harajuku decidimos acabar o dia na Sunshine City de Ikebukuru, mais um mega complexo que junta comércio, serviços e escritórios. E um aquário e um planetário. E um ultimo andar transformado em ponto de observação a 251 metros acima do solo. Foi para isto que aqui viemos, na expectativa de imaginarmos uma visão nocturna do Monte Fuji, para além de toda a Tóquio.
Japão – Tóquio – 10º dia
Ao contrário de Kyoto, ninguém vai a Tóquio à espera de encontrar belos e encantadores templos. A explicação encontra-se facilmente no facto de Kyoto ter sido a capital imperial, lugar de cultura, e Tóquio ter-se tornado capital administrativa apenas no século XVII – era, então, a Edo. Acontece que em 1853 o Comodoro americano Matthew Perry chega com os seus barcos à Baia de Tóquio e, a partir daí, tudo muda no Japão. Vendo a necessidade irreversível de se abraçar a modernidade, dá-se a Restauração Meiji em 1868 e, com ela, viria a transferência definitiva da capital do país para Tóquio, a capital de leste, agora tanto em termos administrativos como imperiais.
Começámos a manhã com um passeio pelo Meiji-jingu, rivalizando no caminho com as centenas de chineses que tiveram a mesma ideia. À entrada do parque encontramos, empilhados, cestos de sake, cada um mais bonito do que outro. O santuário é xintoísta, arquitectura moderna, equilibrado, vendo-se ao fundo os arranha-céus da cidade. Apesar de ficar às portas de Harajuku e Aoyama, das zonas mais movimentadas da cidade, consegue-se viver no santuário e nos jardins à sua volta uma calma imensa e sentirmo-nos mesmo afastados da louca vida urbana.
Aqui perto fica o Estádio Nacional Yoyogi, que acolheu os Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, um momento de viragem para os japoneses, em que sentiram que finalmente tinham passado os tempos de guerra e a sua reconstrução bem conseguida os havia permitido fazer parte das mais modernas economias. A arquitectura dos edifícios que ainda aqui encontramos, cortesia do arquitecto Kenzo Tange, é notável. O Ginásio Nacional Yoyogi é fantástico nas formas que toma, lembrando uma concha ou, quem sabe onde a imaginação nos leva, porque não a crista de um cabelo mantido a gel.
Deixando a Takeshita-dori e atravessando a Rua Takeshita fica todo um mundo de lojas trendy por descobrir e, sobretudo, o Design Festa. Este é um edifício absolutamente esquisito (mais um), cheio de tubos no seu exterior, uma espécie de aranha, nada mais do que o cartão de visita para a criatividade que se experimenta dentro das suas portas. São diversas salas que podem ser reservadas pelos artistas para expor as suas obras e ao meio, num pátio, existe um café com comida ligeira.
E, para algo totalmente diferente, temos a Omote-sando. Edifícios com as marcas mais inacessíveis ao comum dos mortais, desenhados pelos deuses da arquitectura. Desde logo o Omote-sando Hills, um centro comercial obra de Tadao Ando. Depois, do outro lado da rua, o Louis Vuitton de Aoki Jun, tendo por vizinha uma igreja – os extremos juntos. E o Tod’s de Ito Toyo. Mais abaixo o Comme dês Garçons de Kawakubo Rei e, cereja no topo do bolo, a Prada de Herzog & de Meuron. Pelo meio destes, muito edifício e loja para os quais os nossos sentidos têm de estar muito atentos.
Subindo de volta a Omote-sando, seguimos depois pela Meiji-dori rumo a Shibuya. A Meiji-dori continua com lojas e mais lojas, mas agora um pouco mais populares, como de surf, street wear e montanha. Não é má ideia deixarmo-nos perder pelas suas ruas interiores, mas acabámos sem tempo para o fazer.
Shibuya é mais um distrito louco de Tóquio. Muita confusão, muita juventude, muita loja estranha, muita confusão. A Shibuya Crossing, uma intersecção de ruas desenhada a zebra das listas brancas da passadeira, é um exemplo vivo do pulsar da cidade. Por mais que já se tivesse visto em filme, é uma experiência única e arrebatadora. O melhor é atravessar a rua na diagonal como os tokyoites e depois subir ao Starbucks e ficar a ver o cenário junto a uma das suas janelas como os estrangeiros. A qualquer hora do dia, são milhares de pessoas constantemente para lá e para cá, um movimento belíssimo num cenário de neons.
Mas Daykanyama ficará para sempre na minha memória pelo T-site, uma mega loja de livros (e também música e vídeo) com uma (mais uma) arquitectura fabulosa. São três edifícios “caixa” ligados entre si, todo um conceito melhor explicado aqui. Estilo é a palavra de ordem.
Tokyo on Foot, de Florent Chavouet, 2009
Japão – Tóquio – 9.º dia
A manhã deste dia foi dedicada toda ela a viajar – de comboio – para Tóquio. Optámos por seguir via Matsumoto, a outra porta de entrada dos Alpes juntamente com Takayama.
Começámos por uma caminhada até ao Parque de Ueno, passando pela rua Yanaka Ginza, uns quantos templos pequenos e um cemitériocom umas lápides bem diferentes daquelas a que estamos acostumadas. A Yanaka Ginza é uma pequena rua comercial, com mercearias e lojas de chá, que ficaria bem em tempos idos. Às 17:30 metade das lojas já estão fechadas, para que não haja dúvidas de que na mega Tóquio, a cidade que verdadeiramente nunca dorme (estudorecente prova-o),é possível viver-se a outro ritmo.
E, para algo totalmente diferente, seguimos para Ginza, provavelmente a zona de Tóquio mais conhecida e reconhecida mundialmente. Fim de tarde, pretendíamos sentir o ambiente da frenética e cosmopolita Tóquio e fazer horas para o nosso tão ansiado jantar.
Logo pasmámos com uma esquina com um edifício branco com recortes (Mikimoto) e vimos que, para além dos objectos de marca, havia que deliciarmo-nos com os próprios edifícios em si. Alguns exemplos, entre muitos mais, são o edifício da Loius Vuitton, da Maison Hermes e da Dior.
De volta ao hotel, pudemos constatar como é vibrante a vida nas ruas de Tóquio até a noite se aproximar do dia seguinte. De facto, se eles dormem em média 5 horas e 48 minutos (como refere o tal estudo), em todos os bairros temos de os encontrar a pé até tarde, quem sabe a fazer horas para ir para o trabalho no outro dia. Neste dia sentimos isso no bairro de Kagurazaka, mas nos próximos dias senti-lo-íamos em qualquer outro bairro por onde passámos, fosse em Ikebukuru ou Ebisu, como já o havíamos sentido em Shinjuku, nenhum deles lugar específico da moda para se sair à noite.
Japão – Kamikochi – 8.º dia
O forte dos Alpes Japoneses é a paisagem e a natureza. O cenário é tudo. E chega para espalhar felicidade.
Kamikochi, a meia hora de Hirayu, fica no vale do rio Azusa, a 1500 metros de altitude, e daqui avistam-se bem perto montanhas cujos picos passam dos 3000 metros. Para se chegar aqui só de autocarro ou táxi, carro particular não entra nem se aproxima. Isto entre Abril e Novembro, porque no resto do ano não há nada para ninguém, tal deve ser o congelamento.