Categoria: Rio de Janeiro
A Moreninha Voltou a Paquetá
Niterói | No Encalço de Niemeyer
O edifício parece um ovni acabado de aterrar, mais ainda pela sua localização, na extremidade de um promontório.

Rio de Janeiro | O Menos Clássico
Bem menos procurado pelos turistas é o centro do Rio de Janeiro, nomeadamente o Museu Nacional de Belas Artes, a Praça XV, o Mosteiro de São Bento, o Teatro Municipal, a Catedral Metropolitana, entre outros.
Rio de Janeiro | O Clássico
Mesmo ao lado, fica provavelmente o pôr-do-sol mais aplaudido do mundo, o do Arpoador.
O Rio Mudou Muito?
Dali avista-se o Leblon, Ipanema, Arpoador, Lagoa, as praias de Niterói, as ilhas Cagarras. Arrebatador.
Rio de Janeiro, 12 Anos Depois
As Livrarias do Rio
Quando saio à rua, seja onde for, dificilmente consigo escapar a olhar para as bancas de jornais. Tenho a certeza de que esse meu hábito surgiu no Rio de Janeiro, onde esquina sim esquina sim há sempre jornais e revistas para olhar.
Claro que decisivo para este meu gosto por publicações foi o facto de o meu pai comprar sempre vários jornais por dia (a Capital era vespertino, por isso havia que comprar mais qualquer outro para entreter as manhãs, e ainda havia os desportivos), fora os semanários.
E depois existe a paixão pelos livros. E pelas livrarias. Não que as livrarias do Rio sejam as melhores do mundo. Não o sei. Mas têm livros em português, muitos livros em português mesmo.
Como tinha poucos dias no Rio, acabei por deixar ao acaso a entrada numas quantas, fosse no centro ou na zona sul. Já sabia que a livraria da Travessa era uma das que valia a pena ter em conta. O bom foi ter calhado de ir à sua loja original, a da Travessa do Ouvidor, no Centro, rua a quem deve precisamente o seu nome.
E depois calhou também ter passado na livraria Letra Livre, para os lados do Real Gabinete Português de Leitura, muito acolhedora e com livros em primeira e em segunda mão.
Mas a que mais gostei foi a livraria Argumento do Leblon. Fui jantar ao Sushi Leblon e a Argumento estava a uns poucos metros dali, mesmo do outro lado da rua. Esta é a livraria que aparece sempre nas novelas da Globo do Manoel Carlos. Apesar de não ver novelas há mais de uma mão cheia de anos, ainda me lembro de algumas das suas histórias passadas no bairro do Leblon e lembrava-me da cara dele. Dai que o tenha reconhecido logo quando entrou velhinho e curvado para mais uma noitada de tertúlia na sua livraria. O agradável, mas não inédito, da Argumento do Leblon é o espaço de barzinho mesmo junto aos livros. E porque é disso que se trata comprei uns quantos e logo me arrependi de não comprar uns quantos mais (não que os preços sejam uma oportunidade). Um deles foi o “Lavoura Arcaica” de Raduan Nassar e a moça da caixa logo me disse, emocionada, que este era o seu livro de cabeceira. Não podia deixar de o ler logo. Não é uma obra fácil, fez-me lembrar a escrita de Clarice Lispector, também complicada. Mas gostei e voltei para casa mais feliz.
O Rio Está Podendo
É curioso que num mesmo dia tenha calhado de meter conversa, ou vive-versa, com dois brasileiros e os dois tenham acabado por falar do mesmo: aquilo lá por Portugal está mau, né não?
À pujança do Brasil, que até foi convidado para emprestar dinheiro ao FMI para acudir aos países europeus, corresponde a crise destes. Pujante como o Rio haverá poucos, em crise como Portugal também poucos haverá. No nosso não foi descoberto uns poços de petróleo ao largo, os tempos do Europeu de Futebol também já passaram e os de Jogos Olímpicos provavelmente nunca virão. Claro que os cariocas mais realistas estão cientes de que este momento de euforia pelos grandes eventos e grandes obras é também uma oportunidade para mais marosca e corrupção. Mas enquanto isso os cariocas vão enchendo aos restaurantes e as lojas com preços de grandes cidades europeias. E, curiosidade maior, brasileiros de todo o país estão vindo visitar o Rio.
É, o Rio está podendo.
(uma adenda: vai ter que melhorar muito a recepção aos turistas quer no aeroporto – oh esperas atrozes, seja pela imigração, seja para receber as bagagens, seja para chegar ao centro ou zona sul com aquele trânsito infecto – quer nas brochuras para os ditos em museus ou qualquer outra atracção)
Mais Um Dia Feliz no Rio
Segunda feira nunca seria a confusão de domingo para subir ao Pão de Açúcar. Mas escaldada com a multidão do dia anterior no Corcovado, eram 9 horas e já estava à beira da Praia Vermelha, no bairro da Urca, com o meu bilhete comprado e com pouco mais de uma dezena de pessoas por companhia.
Pude assim escolher o lado que me deu vontade dentro do bondinho e tirar as fotos na subida à larga e sem atropelos. Por sorte o dia esteve novamente claro e com a visibilidade a mil.
Na primeira paragem, no topo do Morro da Urca, vê-mos logo o Cristo lá em cima com a Baia da Guanabara cá em baixo, com os seus barquinhos estacionados nas águas plácidas, como diz o hino brasileiro ainda que se refira a outras águas.
Praticamente sozinha, deu para puxar a cadeira e esticar as pernas em direcção ao outro lado da Guanabara, com a praia de Flamengo e o centro do rio por trás, procurando identificar alguns edifícios; a piramidal catedral metropolitana é fácil, a torre com o relógio da Central do Brasil, idem. Puxei a cadeira para o outro lado e deixei-me ficar a olhar, já cheia de saudades, para o delicado e fino recorte da paisagem da capital carioca. Morros e mar, umas vezes escondendo-se uns dos outros, outras abraçando-se e envolvendo-se, até se tornarem o inevitável cliché: a cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Palmas.
Do que não me lembrava é que aqui em cima, já na ultima paragem no Morro do Pão de Açúcar, para além da paisagem continuar soberba, podemos perder-nos num pequeno trilho com vista para Niterói por entre os ramos da intensa vegetação, ao mesmo tempo que a tentação de descansar ou piquenicar nos vários banquinhos e mesinhas nos vai tomando.
Descendo, junto à Praia Vermelha tem inicio outro dos “must’s” do Rio, a pista Cláudio Coutinho, também conhecida por “Caminho do Bem Te Vi”. Sao cerca de 2,5 km ida e volta num trilho absolutamente sossegado e seguro que serpenteia o Morro da Urca e o Oceano Atlântico. Daqui partem também aqueles que querem atingir o morro escalando-o.
Antes coragem para voar sobre o Rio de asa-delta, o que, infelizmente, também não tenho. Esta actividade parte da Pedra Bonita e cai nas areias da Praia de São Conrado. Como para mim já me basta ver aterrar os passarinhos improvisados e esta é, ainda por cima, uma das praias mais bonitas do Rio, anda pensei dar uma saltada até lá. Mas à tarde voltaria para Lisboa e com medo de me atrasar neste transito caótico, decidi-me por uma volta no pacato e acolhedor bairro da Urca.
Este é um dos mais nobres e carismáticos bairros do Rio, único por aqui. Nos anos 40 do século passado o Casino da Urca trazia animação nacional e internacional e Carmen Miranda morava por lá. Hoje, muitos anos depois da proibição do jogo, ficaram as suas moradias elegantes encravadas entre os morros verdejante da Urca, Pão de Açúcar e Cara de Cão e a baia da Guanabara, com direito a uma pequena praia mesmo ali à porta. Um luxo.
E tive ainda direito a 60 minutos de praia em Copacabana (os únicos da viagem). Não vi o fiscal da natureza, mas fui muito bem tratada, com direito a cadeirinha por poucos reais.
Poucos lamentos desta rápida estirada ao Rio de Janeiro. O principal tem que ver com isso mesmo: a rapidez da viagem que ainda por cima ficou atrasada por um dia por causa do avião. Muito haveria para visitar, mas do que me propus inicialmente apenas não fui ao Museu de Arte Contemporânea de Oscar Niemeyer, em Niterói, nunca por mim visitado, e ao Bairro de Santa Teresa. Não é pouca coisa, mas espero não demorar outros dez anos para os ver.