Entre a Estrada da Luz e a Avenida Lusíada, em São Domingos de Benfica, está o Parque Bensaude, uma extensão grande de verde protegida do bulício da cidade de Lisboa. Aí escondem-se árvores de grande porte e hortas comunitárias, sempre com os muitos prédios por perto.

A Estrada da Luz foi até há pouco tempo uma zona de quintas, que foram sobrevivendo à inexorável expansão e urbanização da cidade. Hoje o movimento ao seu redor é intenso, com os serviços da Loja do Cidadão das Laranjeiras e das Torres de Lisboa, bem como do vizinho Estádio da Luz, a gerarem uma autêntica de centralidade.

Uma das duas entradas do Parque Bensaude está, precisamente na Estrada da Luz, para cuja rua dá o Palácio Bensaude. Aqui havia desde o século 17 uma propriedade agrícola da Ordem dos Franciscanos, mas foi em 1921 que se construiu o dito palácio, propriedade de Vasco Elias Bensaúde, segundo projecto do arquitecto Raul Lino. Uma vasta quinta de recreio, então conhecida por Quinta de Santo António das Frechas, que acabou adquirida pelo Estado na década de 1980, no sentido de aí se construir um centro administrativo nos primitivos terrenos agrícolas e jardim, tendo os terrenos da antiga quinta sido cedidos à Câmara Municipal de Lisboa em 1997, mantendo-se o palácio e jardins contíguos na posse do Estado (Inspecção Geral da Defesa Nacional). Ou seja, o palácio-jardim e o parque faziam parte da mesma quinta, sendo hoje unidades independentes. Contingências várias, o centro administrativo não se fez e surgiu, ao invés, a ideia de se vender parte dos terrenos da quinta em hasta pública para posterior urbanização, o que a família Bensaúde considerou uma alteração aos termos do contrato estabelecido com o Estado, pelo que a venda e urbanização não se fez. Entretanto, o Parque Bensaúde foi inaugurado em 2003 e requalificado posteriormente, reabrindo em 2008, estando os 3,5 hectares da quinta agora à nossa disposição para recreio.


Ao entrar no Parque Bensaude pela entrada da Estrada da Luz, caminhamos por uma “avenida” com árvores e hortas comunitárias à direita, parte do Parque Hortícola Bensaúde, criado em 2013, com vários talhões para agricultura urbana.



Num terreno com algum declive, estando o palácio a cota mais baixa, logo chegamos a uma área de prado arborizado. Nele encontram-se quatro árvores classificadas de interesse público pelo ICNF (duas azinheiras italianas, um eucalipto de flores vermelhas e um ácer campestre) e, segundo o Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, elementos notáveis como o maior sobreiro de Lisboa (com quase um metro de diâmetro, aparentando talvez 200 anos) ou a alameda de plátanos de grande porte. Mas há mais árvores de altura generosa, fazendo deste um lugar frondoso.



Há diversos caminhos, bancos de jardim, elementos escultóricos, mesas para piquenique e muita relva, para além de um parque infantil com aranha e um parque canino.



Junto à entrada na Rua Francisco Baía, uma cafeteria e uma casa de fresco com tanque rectangular junto à base, no último dos vários patamares ligados por uma escadaria. Curioso constatar que apesar de o Parque estar situado junto ao estádio do Benfica, é o do Sporting que nos surge frente ao miradouro. No patamar intermédio, destaca-se uma pérgula com vinha-virgem.

A extensão do Parque é grande, mas surpreende constatar que para lá dos limites do parque público – para além das duas entradas, delimitado por pelo menos mais um par de portões – há ainda a parte privada da quinta, dividida em mais duas propriedades. Isto dito, no seu conjunto constitui uma generosa mancha verde em plena cidade.