Casal de São Simão

A rede das Aldeias de Xisto é uma iniciativa de um conjunto de aldeias do interior da Região Centro de Portugal que se propõe preservar e promover a paisagem cultural, ao mesmo tempo que procura valorizar o património arquitectónico construído. São 27 aldeias no total, perdidas pela Serra da Lousã, pela Serra do Açor (incluindo a minha Aldeia das Dez), pelo Zêzere e pelo Tejo-Ocreza.

Casal de São Simão é uma destas aldeias, a única representante do concelho de Figueiró dos Vinhos, e fica situada na Serra da Lousã, à semelhança daquelas a quem dedicaremos os próximos dois posts. A paisagem de todas elas é, por isso, muito semelhante, com uma vegetação sempre carregada. O casario também não difere muito, especialmente no que respeita à sua implantação, sempre em declive. Mas os materiais de construção nem sempre são os mesmos. Os de Casal de São Simão, por exemplo, apesar de dita “aldeia de xisto”, são quartzito. E isso deve-se ao facto de geologicamente a aldeia ser guardada por umas escarpas com cristas quartzíticas, as Fragas de São Simão. Da aldeia um caminho pedestre transporta-nos directamente até à parte baixa destas fragas, onde fica uma praia fluvial. Mas já lá iremos. Comecemos por um curto recorrido pela aldeia, porque curta é ela.

À entrada de Casal de São Simão, num ponto mais elevado na paisagem, reina a Ermida de São Simão, do século XV, a mais antiga da região. A aldeia, logo a seguir, é praticamente uma só rua, como o são muitas destas pequenas aldeias de xisto. Casal é uma palavra portuguesa que em português arcaico dizia respeito a um aglomerado de duas ou três casas em meio rural. Não cresceu muito mais do que isso, desde então. E São Simão é o santo protector da aldeia.

As casas estão na sua maioria bem recuperadas, com as fachadas revestidas da pedra do quase dourado quartzito e decoradas com flores. Descemos pela rua empedrada e o desfile de casas típicas continua. A natureza rodeia-nos em socalcos e amiúde vemos vinhas e vemos fontes que fazem com que a água seja aqui um elemento omnipresente.

Não seguimos a pé até às Fragas de São Simão, antes vamos até elas de carro. Antes de começarmos a descer até à Ribeira de Alge paramos no miradouro para vermos a fantástica panorâmica desde o topo, com o Casal como um ponto isolado no meio da natureza e os rochedos agrestes a furar a pacata paisagem. Mais sereno só mesmo lá em baixo, junto à praia fluvial. Seguimos por um caminho onde a água nos acompanha por ambos os lados, de um a da ribeira e do outro a de uma pequena levada. E só então surge o ansiado cenário da fraga que rompe os rochedos, criando uma pequena piscina natural rodeada de belas rochas. A água é absolutamente transparente e os reflexos mágicos.

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