As Praias da Arrábida entre o Cabo Espichel e Sesimbra

O Parque Natural da Arrábida é reconhecidamente um lugar pleno de elementos a proteger, com uma flora e fauna características e um conjunto de serras e uma faixa de mar recortada de uma beleza tocante e esmagadora.

A mais alta cordilheira portuguesa junto à costa, com escarpas calcárias cobertas de vegetação verde que caem abruptas sobre o mar azul, esconde uma série de baías e enseadas de areia branca e água transparente. Entre o Cabo Espichel e a vila de Sesimbra estão algumas das mais bonitas, todas elas de difícil acesso, porém. Este não é, pois, um passeio de turismo para se fazer de chinelo no pé; ténis ou botas são obrigatórias. E muito cuidado.

À Praia da Baleeira, a primeira vindos do Cabo Espichel, mesmo ao virar da esquina depois do Forte de São Domingos da Baralha, vimo-la apenas desde o cimo, apertada entre as falésias e com muitas pedras junto ao exíguo areal e água.

À Praia de Cramesines chegámos mais perto, mas não ousámos descer ao seu ainda mais curto areal pela corda colocada à sua “entrada”, deixando-nos apenas impressionar pela rudeza das falésias.

A Praia do Vale Côvo terá de todas estas o acesso menos complicado. Depois de descermos o vale aproximamo-nos da frente de mar e dos muitos blocos de pedra aí depositados. Algumas rochas desprenderam-se da falésia e, autónomas, tomaram formas distintas. Sem areal, esta praia possui uma bonita poça de água verde resguardada entre a falésia e uma dessas rochas. Muito boas vistas para ambas as vertentes da costa.

À Praia do Inferno começámos por admirá-la de cima, distinguindo o ilhéu diante dela e o arco que é sua marca distinta. À semelhança de outros pontos na costa, o seu nome foi-lhe dado pelos pescadores. Neste caso, a rebentação junto a esta enseada permitia-lhes perceber as condições do mar, que pelos vistos nem sempre é pacífica. Neste dia, no entanto, o mar estava tranquilo e apenas o acesso à praia remeteu para a ideia de inferno. É de todas estas praias a de acesso mais difícil e até perigoso, uma vez que há que descer por um caminho estreito e encaixado na parede da falésia, a uma altura que mete respeito.

Já lá em baixo, mas ainda não no areal, vê-se uma corda pendurada, supostamente para descer até à areia. Mas não é necessário arriscar mais, podendo seguir-se caminhando pelas rochas empilhadas à beira mar. Neste momento ficamos mesmo junto ao arco e aqui percebemos como ele é enorme e parece quase ter sido desenhado à mão. Mas não, é mesmo mais uma cortesia da natureza.

A Praia do Inferno tem um belo areal com mais umas grandiosas vistas para a surpreendente costa da Arrábida.

A vista de cima para a Praia da Coja da Mijona é mais um momento fantástico da Arrábida.

A descida até à praia é mais controlada e num primeiro troço é efectuada por uma escadaria. Depois há que ter muita atenção, uma vez que a corda que por lá anda está solta, pelo que mais vale colocar o rabo no chão para não ir por ali abaixo. O areal é mais extenso, generoso até. E tem um conjunto de pequenas rochas à sua frente o que, juntamente com os cortes na parede da falésia, fazem deste um canto muito bonito. Mas assustador, belamente assustador.

Num dos cantos da praia está uma casa, o que nos faz ficar a pensar como veio parar ali, a baía tão isolada.

Por fim, a Praia da Ribeira do Cavalo, sem favor a mais bonita da Arrábida. E a mais popular de todas. Há um acesso não muito difícil nem perigoso (mas que como todos requer cuidado) do lado do Porto de Sesimbra, mas desta vez descemos até à praia pelo lado contrário. Uma descida mais difícil vale abaixo, mas que proporcionou uma panorâmica nova e incrível.

São vários os rochedos plantados no mar cor esmeralda e é um deles, assemelhando-se à cabeça de um cavalo, que dá nome à praia. Ao contrário das demais praias deste post, as hipóteses de ter o areal da Ribeira do Cavalo só para nós são escassas, mesmo fora dos meses de Verão. De qualquer forma, a visita a esta praia é obrigatória. Diz que não parece Portugal, mas este é uma dos pedaços mais bonitos do nosso país.

Deixe um comentário