Linhares da Beira

Da rede das 12 “Aldeias Históricas de Portugal”, Linhares da Beira era a única que ainda não tinha visitado (de todas as outras podem ser lidos posts escritos anteriormente neste blogue).

No vale do rio Mondego, perto da Serra da Estrela, Linhares é uma aldeia medieval do século XII. Antes disso, porém, terá tido origem num castro lusitano, foi visigoda e muçulmana, até que em 1169 D. Afonso Henriques lhe concedeu foral. Linhares foi crescendo com a época da Reconquista Cristã e manteve a sua importância para além dela, uma vez que a sua localização geográfica impunha que a Bacia do Mondego fosse protegida como retaguarda às fortificações da raia. O nome Linhares virá de “campo de linho”, cultura outrora forte na região.

Cortesia da evolução da sua ocupação ao longo dos séculos, pelas ruas de Linhares podemos testemunhar a presença de estilos arquitectónicos não apenas medievais, mas também quinhentistas – são estes que ainda perduram em grande número.

Mas o maior símbolo de Linhares da Beira será o seu castelo e é por aqui que iniciaremos o nosso passeio. À medida que vamos serpenteando pela estrada que nos leva até à aldeia vamos vendo o castelo de Linhares aproximando-se cada vez mais. Instalado num cabeço a 820 metros de altitude, alguma fortificação existia já até o actual castelo ter sido reformado no reinado de D. Dinis no século XIII.

Bem preservado, ainda hoje serve como que de vigia da aldeia e do vale a perder de vista, oferecendo uma excelente panorâmica. Entramos pela sua porta virada para o largo da Igreja Matriz e um pátio recebe-nos como antecâmara para o enorme terreiro que se apresenta para lá da porta seguinte. Aqui ficamos face a face com as duas torres com ameias – a de Menagem e a do Relógio – que já se percebiam desde ao longe na estrada e percebemos como é grande o castelo. Os andorinhões fazem-nos companhia e salpicam o céu azul com uns pontinhos a preto.

Saindo do castelo, a aldeia desce por ali abaixo. As ruas de pedra correm umas para as outras e os edifícios de granito preenchem-nas. Há de todo o tipo de casas, desde as mais populares a solares, com um brasão aqui e outro ali. Veem-se diversas janelas singulares esculpidas nas fachadas de pedra ao gosto manuelino do século XVI, decorando-as.

As fontes são também um elemento decorativo de destaque na aldeia. E, no meio de mais pormenores curiosos, damos de caras com uma passagem por um arco, a Rua do Passadiço, que daria entrada para a judiaria medieval, uma vez que Linhares acolhia uma comunidade judaica.

Na aldeia encontramos ainda os vestígios da calçada romana que passava pela povoação, parte da Via da Estrela que ligava Mérida (Emerita Augusta) a Braga (Bracara Augusta).

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