O Castelo de Paderne, no concelho de Alfufeira, Algarve, é um dos maiores exemplos da arquitectura militar muçulmana na Península Ibérica. Situado entre o litoral e o barrocal algarvio e instalado no alto de um cabeço com o bonito vale da ribeira de Quarteira a seus pés, diz-nos a lenda que este é um dos sete castelos representados na bandeira de Portugal.

Esta fortificação islâmica foi construída no século 12, durante o califado mouro Almóada, numa época em que estes procuravam defender-se da expansão cristã na Península Ibérica – o Castelo de Paderne acabou por ser um dos últimos tomados pelos portugueses, em 1248, durante o período da Reconquista Cristã. Serviu de defesa à povoação de Paderne, hoje distante uns 2 quilómetros, mas também de defesa do estratégico ponto de passagem entre o interior e o litoral algarvio, encontrando-se localizado entre Silves e Loulé, cidades maiores.


Tem como característica distintiva ser predominantemente em taipa militar, técnica que privilegiava o uso de cal aérea para garantir maior durabilidade e resistência a estruturas defensivas. De planta rectangular e com torre albarrã (a torre exterior às muralhas e único acesso ao castelo), possui umas muralhas ameadas e no interior tem vestígios de casario almóada, cisternas e de uma capela (Ermida de Nossa Senhora da Assunção, talvez construída sobre uma anterior mesquita, de que restam apenas as paredes mestras).


O topónimo “Paderne” deriva do latim paterni, de significado “a quinta de Paterno”. Sim, os romanos andaram pela região e no século 2 a.C. terão aqui conquistado um primitivo castro lusitano que transformaram numa base militar e centro político e administrativo, já então com o nome de Paderne ou Paderna. O sítio foi tomado pelos mouros em 713 e, posteriormente, pelos cavaleiros da Ordem de Santiago para a coroa portuguesa, em 1248, embora D. Dinis o tenha doado mais tarde à Ordem de Avis. Apesar de ter sido utilizado até ao século 16, a conquista do reino do Algarve e os tempos mais estáveis que se passaram a viver, com perda de importância da sua função defensiva, ditaram o seu progressivo abandono e ruína, agravado pelos danos do Terramoto de 1755. Hoje, é propriedade do estado português e há poucos anos foi objecto de restauro.


Um pequeno percurso pedestre, com cerca de 3 quilómetros percorridos em 1 hora, transporta-nos até ao castelo e, depois, até junto à ribeira de Quarteira. Atravessada a Ponte de Paderne, de origem medieval e com os três arcos preservados, surpreendemo-nos pela presença de uma vegetação mediterrânica que abriga oliveiras, figueiras e alfarrobeiras, mas também zimbro, carrasco, aroeira, roselha e tojo. Apesar de a ribeira ter um caudal sazonal, a vegetação que a envolve é tipicamente ripícola e, mais adiante, surge um moinho de água e azenha. Um cenário que alia história, natureza e paisagem.