Viajar de Lisboa a Tóquio implica muita paciência e resistência. A viagem de avião, com escala no Dubai, foi uma jornada dividida em duas rotas aéreas, uma de 7:40 e outra de 9:30. Fora o tempo perdido em aeroportos. Em resumo, mais de 24 horas depois de termos saído de casa chegámos ao hotel no outro lado do mundo.
Quanto à experiência de dormir numa cápsula o melhor que posso dizer é que aconselho e repetiria. Primeiro porque é uma boa forma de se poupar dinheiro – a noite no cubículo ficou a cerca de 18 euros. Depois porque acaba por ser uma estadia confortável. Este tipo de hotel é uma japonice inventada com o propósito de proporcionar uma forma de passar a noite na cidade aos trabalhadores que tardiamente já não conseguem voltar para casa. A maior parte deles é exclusivo para homens, mas no caso do nosso, o Shinjuku Kuyakusho-mae, o oitavo andar era destinado apenas a mulheres. As cápsulas, género de gaveta sem porta para puxar, estão dispostas em fileiras de dois andares. Lá dentro há o espaço suficiente para nos esticarmos e espreguiçarmos e ainda temos direito a televisão e rádio, para além de toalhas, um jogo de cama e pijama. Este pijama, que todas usámos como se de um uniforme se tratasse, fazia parecer que estávamos numa prisão. Só que não creio que prisão tenha casa de banho e duches tão bonitos como aqueles, incluindo botões para ligar música na sanita, e shampoo e gel duche da Shiseido. Uma coisa má, porém, comum a qualquer dormitório: ser interrompida no seu sono pelo barulho provocado pelas constantes chegadas e partidas das compinchas e ter de ouvir o seu ressonar, puns ou até ataque de soluços a meio da madrugada. Mas comparativamente ao número de horas dormidas no avião e à qualidade do sono, a cápsula é que é o verdadeiro céu.