Encontros em Cidades Únicas

A RTP esteve a transmitir neste mês de Abril o programa “Encontros em Cidades Únicas”. São na sua maioria viagens por lugares onde a vida humana parecia à partida impossível e podemos ver os oito episódios no RTP Play, aqui.

Lugares como La Paz, na Bolívia, a mais alta capital do mundo, instalada a quase 4000 metros de altitude, onde mais do que dois passos deixam os forasteiros a arfar em busca de oxigénio. Ou como Yakutsk, na Sibéria, a cidade mais fria do mundo, onde -45º é até quentinho para os locais. Ou Longyearbyen, em Svalbard, a cidade mais a norte do mundo cujos habitantes não estranham a noite polar, 3 meses de inteira escuridão, um lugar tão inóspito que nenhuma civilização ali se instalou até começar a ser povoada apenas no século XX à conta da descoberta de uma mina de carvão. Ou Chinguetti, na Mauritânia, em pleno deserto do Saara, onde de uma semana para a outra a porta das suas habitações é inundada pela areia insistentemente trazida pelo vento. Ou Ganvié, no Benin, a “Veneza de África” onde as construções em palafita dos seus pescadores balançam tranquilamente no Lago Nokoué – cujas águas servem para tudo: via de transporte e escoamento de dejectos humanos. Mas o meu programa preferido foi o dedicado a Manila, nas Filipinas, a cidade com a maior densidade populacional do mundo.

Estas foram curtíssimas apresentações destes “lugares únicos”. O “encontro” é intermediado pela francesa Alexandra Alevêque que se propõe a, durante 15 dias, ir viver para casa de uma família de cada uma destas cidades. A interacção com os locais é perfeita e, assim, ficamos a saber mais como se vive nestes lugares difíceis e incomuns através dos hábitos e modos de vida das suas gentes. Em Manila, por exemplo, uma família de 10 vive em 12 m2, onde uma simples cortina separa o “quarto” dos pais do dos filhos e há fila de espera para uma ida à casa-de-banho. A espontaneidade da francesa é tal que conseguimos rir das situações que nos aparecem, tão estranhas que são para o citadino comum ocidental. Sabia que em Manila existe um cemitério onde (dada a falta de espaço, mas também a falta de dinheiro) os jazigos foram transformados em casas, lojas ou creches? E sabe como pode (tentar) reagir a uma morte certa no caso de ficar com o carro empanado numa estrada isolada no gelo da Sibéria? Primeiro queime os pneus, a seguir os estofos do carro e depois tudo o mais que lhe ocorrer até fazer uma bela fogueira enquanto espera pela ajuda. Aprender com o insólito.

3 Comments Add yours

  1. Vi todos os episódios e achei incrível.
    Permite-nos valorizar todos os detalhes que temos e também perceber como temos tanta coisa a mais…

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  2. Blasco Alfonso diz:

    Olá, vi apenas, e em parte, o episódio que reproduzia a experiência desta exploradora intercultural em La Paz. Muito interessante; a desvendar particularidades que estão á margem das agências de viagens.
    Pode ser que eu volte à RTP play para assistir aos outros.
    Post com dica interessante.

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    1. Vale mesmo a pena assistir a todos os episódios. Todas as cidades são bem diferentes da nossa realidade, ajudando-nos a relativizar o que pensamos ser dificuldades no nosso dia a dia.

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