Depois de dias passados entre a agitação do Cairo e entre deuses e faraós e templos e túmulos do Egipto Antigo, escolhemos passar uns dias longe da história na tranquilidade artificial de El Gouna, na Riviera do Mar Vermelho, no Golfo de Suez.

El Gouna fica perto de Hurghada, uma aldeia piscatória que nas últimas 4 décadas se tem transformado numa interminável linha de resorts para europeus em busca do calor e da transparência das suas águas. De significado “lagoa”, é igualmente um resort, a 33 kms do centro de Hurghada.


O terreno foi moldado de forma a transformar 10 kms de costa numa rede de ilhas e lagoas com edifícios de traça arquitectónica inspirada nas casas rurais egípcias. Alguns são hotéis, outros apartamentos, uns mais ou menos exclusivos, e diversas lojas e restaurantes, numa espécie de condomínio fechado de gestão do espaço público comum. Por isso se sente uma unidade no sítio.


Há várias praias e há a lagoa; experimentámos nadar em ambas.


Claro que as actividades de mar são o ponto forte do resort, em especial o kite surf, o mergulho e o snorkeling. E há a possibilidade de excursões até às ilhas Giftun de Hurghada ou até mesmo ao deserto. No entanto, deixámo-nos estar quietinhas, apenas a relaxar na lagoa e no reef simples junto ao pontão da Praia de Zeytuna.



Excepção para uma manhã cheia de snorkeling em dois reefs pouco mais distantes da costa de El Gouna, uma actividade na designada “Casa dos Golfinhos”. E, sim, um ou outro golfinho passou por nós, acenando com a sua barbatana fora de água. Mas a maior diversão foi poder descobrir as várias formas e cores de peixes num fundo de mar de corais bem bonitos.



Dizer que El Gouna não parece Egipto não é coisa boa – afinal foi para o Egipto que escolhemos vir. Frequentado por uma maioria de estrangeiros e por uma minoria de egípcios, aqui não se vê lixo no chão, comum no país. E tudo está planeado e arranjado. No entanto, para além do referido edificado se inspirar na arquitectura local, encontrámos – porque quisemos ir além da praia e da piscina do hotel – algumas preocupações culturais. Desde 2017 que se celebra aqui o El Gouna Film Festival. E a Biblioteca de El Gouna, lugar de livros e de um museu, tem ligações à Bibliotheca Alexandrina.


Mais surpreendente é o El Gouna Conference and Culture Centre, um espaço ainda em desenvolvimento com uma série de arcos suspenso num jardim de água.


O mote de El Gouna é “Uma Cidade como Nenhuma Outra, o Paraíso Fora do Deserto”. Se não é exacto, não anda longe. E são efectivamente as montanhas do deserto, quase sempre à vista, junto com as belezas que se escondem no Mar Vermelho, que nos fazem gostar de El Gouna.