O passeio pelo Douro estava previsto para a Páscoa, mas a chuva e o temporal que se previa – e aconteceu – para essa altura, fizeram-nos adiá-lo para o semana do feriado de 1 de Maio, bem mais seguro no que ao clima diz respeito, afinal, chuva e mau tempo em Maio? Só por um grande azar.
Pois, azares acontecem.
A chegada à Régua não deu para mais do que uma fotozita com o senhor da capa.
Ida em barco, sem almoço ou quaisquer outros extras para além do verde bucólico e deslumbrante da paisagem.
São socalcos e mais socalcos moldados pelo Homem por entre montes onde a Natureza é ainda o elemento mais forte. Tudo aqui faz sentido. As quintas dos grandes nomes do vinho do Porto, as aldeias perdidas por entre as serras, os edifícios a cair, o abandono da linha do comboio. O isolamento, enfim.


E, depois, muitos kms adiante, à medida que nos aproximamos de Espanha, temos o outro Douro, o Douro Internacional.
Aqui apresenta-se-nos um lado mais selvagem do Douro que corre apertado por entre penhascos. De um lado Portugal, do outro Espanha. Uniram-se os dois para um projecto de cooperação transfronteiriça (Estação Biológica Internacional Douro), com início em Miranda do Douro, que nos leva por paisagens que chegam a ser asfixiantes de tão dramáticas. Este é um daqueles segredos ainda bem guardados que, quando nos deparamos com imagens suas, nos fazem crer que estamos perante um daqueles locais de sonho bem distantes, tipo fiordes da Noruega. Afinal, não. É mesmo em Portugal. Em comum com o Douro Vinhateiro, a calma e o sossego naturais, mas que nos são igualmente impostos para bem da protecção do ecossistema – flora e fauna endémicas, designadamente das espécies raras que aqui nidificam, como é o caso da Águia Real (que não vimos) e do Abutre do Egipto (que não se cansou de sobrevoar as nossas cabeças).
Porquê?