Zentrum Paul Klee

O Zentrum Paul Klee fica nos arredores de Berna, a uma curta viagem de autocarro desde o centro. Não que Berna seja uma megapolis, mas surpreende, ao mesmo tempo, que a meros 10 minutos de distância da capital suiça possamos encontrar uma paisagem rural. Mais surpreende que no meio dessa paisagem rural possa estar um museu dedicado a um artista ligado a movimentos como o expressionismo ou o surrealismo.

Paul Klee nasceu no cantão de Berna e o Zentrum que leva o seu nome é uma extraordinária obra de arquitectura de Renzo Piano. Piano consegue enquadrar o seu edifício na paisagem de forma magistral. Neste pedaço de campo puro, com terrenos agrícolas cultivados, cheiro a vaca, som dos meeés das ovelhas, perdido num imenso relvado com vista para as montanhas nevadas dos Alpes, vemos surgir três ondas.

Optando por sair na penúltima paragem do autocarros, percebemos imediatamente que essa ditas três ondas que formam discretas colinas estão plenamente integradas na natureza. À medida que nos aproximamos vamos percebendo os seus contornos mais claramente e a simplicidade e subtilezas arquitectónicas são desarmantes. Vale a pena caminhar à volta de todo o terreno onde este Zentrum está implantado. De um lado um cemitério, do outro um parque de esculturas, a tranquilidade e harmonia são totais. Como vemos escrito a dado passo do caminho, a sua integração topográfica é como uma escultura da paisagem. Diz-nos Piano que “A forma do edifício já estava, de facto, presente na paisagem. E então nós com vamos a cuidar dos campos como se fossemos agricultores e não arquitectos – até que a paisagem se transformou num edifício”.

Estas três colinas de aço tomadas pelo verde da relva, com muito vidro no interior, permitindo não só um bom aproveitamento da luz natural mas também a presença da paisagem exterior, correspondem aos espaços expositivos, a uma sala de concertos, um centro de conferências e a uma centro de investigação, estudo e promoção das obras de Paul Klee.

Este projecto, completado em 2005, foi financiado por Maurice E. Müller, cirurgião ortopédico, empreendedor social com projectos nos campos das ciências e medicina que, através da sua fundação financiou a criação do Zentrum Paul Klee, uma ideia sua e dos herdeiros de Klee, e escolheu ele próprio o arquitecto Renzo Piano para o projecto de arquitectura.

Como no dia da minha visita Müller faria 100 anos a entrada foi gratuita como celebração.

Em exibição, duas exposições. Uma dedicada, como não podia deixar de ser, a Paul Klee – aqui fica a maior colecção de obras deste artista -, “Klee em Tempos de Guerra”. Já sabíamos que Paul Klee havia nascido nos arredores de Berna (e está enterrado no cemitério junto à este Zentrum), que tinha ido viver para Munique, onde integrou o grupo avant-garde Der Blaue Reiter, passou por Paris, onde descobriu o cubismo, e viajou para a Tunísia, onde derivou para o abstraccionismo. Com esta exposição ficamos a saber como Klee atravessou a I Grande Guerra Mundial. Desde logo, não sentindo entusiasmo e perdendo dois companheiros como Franz Marc e August Macke. Teve a sorte de não ter sido destacado para a frente de batalha, não vivendo, assim, os horrores da guerra no terreno e pode continuar a pintar. Acabou por se inspirar na guerra para criar algumas pinturas.

Uma outra exposição, “Touchdown”, feita com e sobre pessoas com Síndrome de Down, mostrando as suas vidas sob diversos pontos de vista, incluindo o artístico. A atestar, também, os interesses do mentor do projecto deste Zentrum, que é não apenas um lugar dedicado à arte, mas também à investigação da ciência e educação.

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