Deambular por Berna é um prazer. E um dos contributos para esse prazer é partir à descoberta das suas inúmeras fontes. Diz-se que são mais de 100, espalhadas um pouco por todo o centro histórico da cidade.
Mas há 11 delas que são absolutamente fascinantes pelos pormenores decorativos que comportam. Datadas do século XVI, representam personagens históricas ou do folclore local e dão todo um outro colorido às ruas de Berna.
Algumas delas são tão trabalhadas, quer na figura que as encima, quer nas colunas que a suportam, que são um evidente testemunho da riqueza de uma certa burguesia da época medieval. E, também, um testemunho da sua importância como fontes públicas no abastecimento de água à cidade – ainda são visíveis os canais a ligar algumas destas fontes. Em tempos idos as fontes eram locais de confraternização e ali se juntavam os habitantes para recolher água ou para lavar as suas roupas.
Eis alguns exemplos destas verdadeiras obras de arte:
Esta fonte, de nome Kindlifresserbrunnen – Comedor de Filho -, também conhecida por Ogre, é a mais bizarra e assustadora, até. Dizem uns que o ogre representa Cronus, o deus grego que comeu todos os seus filhos; dizem outros que representa os vícios e virtudes da humanidade.
Zahringerbrunnen é a fonte homenagem ao fundador de Berna, Berchtold von Zähringer. O símbolo de Berna é a figura de um urso e aqui aparece o seu fundador travestido de urso sob uma armadura.
Simsonbrunnen é a fonte que representa a cena bíblica de Sansão, o homem de uma força enorme que não cortava o cabelo para não a perder, a matar um leão.
Lauferbrunnen é a fonte que representa o mensageiro que, conta-se, teve a audácia de dizer ao rei francês, quando este advertiu o bernense por não falar francês, que ele também não falava alemão.
Gerechtigkeitsbrunnen é a fonte da Justiça. Olhos vendados, a mulher vestida de azul segura numa mão a espada da justiça e na outra a balança.
Vennerbrunnen Banneret é a fonte do Transportador de Bandeira. Situada em frente ao Rathaus, esta figura medieval correspondia a uma posição politico-militar que era tradicionalmente responsável pela protecção da cidade.
Mosesbrunnen é a fonte localizado na praça da Catedral e representa Moisés a levar os Dez Mandamentos às tribos de Israel.
Schützenbrunnen é a fonte do Mosqueteiro. Ali está ele, cheio de pose com uma bandeira erguida e uma espada na outra mão. Debaixo das suas pernas e agarrado a uma delas vemos um ursinho.
Com vista para uma das torres de entrada do centro histórico, a fonte Anna Seiler é dedicada à mulher que fundou o primeiro hospital de Berna.
Ryfflibrunnen é a representação da figura de um atirador. Mais uma vez, com um urso como companhia.
Esta fonte, Pfeiferbrunnen – Tocador de Flauta -, é talvez a mais bonita e rica em pormenores. Na sua coluna encontramos relevos renascentistas de figuras dançando. No topo, a alegre figura de um músico com um macaquinho como companheiro. Acontece que este músico está descalço ou com os sapatos esburacados, o que revela a sua exclusão da sociedade.
Estas fontes coloridas não são um exclusivo de Berna. Encontramos pelo menos uma deste género em Lausanne e mais umas quantas em Basileia. Mas Berna é indisputadamente a cidade das fontes. E, para além destas fontes medievais garridas, existem outros exemplos que merecem uma olhada.
Como a mais recente estranha fonte árvore criada por Meret Oppenheim. A água jorra em abundância desta coluna, simbolizando a vida.
Ou outras mais simples e mimosas:
Obrigada pelas informações. Pretendo ir à Berna em maio de 2021.
anacaminha3@gmail.com
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Excelente post! Pretendo ir a Berna este ano e foi muito interessante descobrir essas informações.
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Obrigada. Berna é mesmo uma cidade que se presta à descoberta dos seus muitos pormenores.
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