Sabugal

Sabugal, hoje cidade, é banhada pelo Côa. O rio faz aqui um cotovelo e os fundadores da antiga Sabucale aproveitaram bem a geografia para se aninharem na sua margem esquerda. A ponte medieval sobre o Côa, hoje rodoviária e muito adulterada por sucessivas intervenções ao longo dos séculos, deixa-nos no sopé da colina com árvores e jardim onde o castelo e a vila foram instalados.

Escavações arqueológicas efectuadas aqui perto indicam que a ocupação humana no lugar remonta há pelo menos 3000 anos. Com movimentos pendulares ora de povoamento ora de despovoamento, um pulo grande no tempo deixa-nos no século XII, altura em que D. Afonso IX de Leão fundou a vila e lhe deu foral. Sabugal pertencia, então, ao reino de Leão e na mesma época Portugal fundava Sortelha e Vila do Touro no lado de cá da fronteira para marcar posição. De qualquer forma, nunca deixou de tentar garantir todo o território de Ribacôa, o que conseguiu com o tratado de Alcanizes, assinado em 1297.

O castelo do Sabugal foi construído no século XIII num ponto mais elevado para controlar e vigiar o Côa, mas a torre de menagem, o seu elemento mais reconhecível, só foi levantada no século seguinte, ao mesmo tempo que D. Dinis mandava reforçar o castelo e a muralha. “Castelo de cinco quinas, só há um em Portugal, fica à beira do rio Côa, na vila do Sabugal” – a torre gótica pentagonal, caso raro em Portugal, tem 28 metros e é um destaque absoluto na paisagem. Outra das curiosidades desta torre são os seus balcões com matacães salientes e uma solitária gárgula inteira.

Do alto do castelo, a 760 metros de altitude, vê-se toda a povoação como se esta coubesse na palma de uma mão e, claro, o rio Côa a correr serenamente em baixo (como curiosidade, o Côa corre de sul para norte, ao contrário do que é mais comum). O interior do castelo já serviu de cemitério e antes já a muralha vinha sendo destruída para uso da sua pedra na construção de habitações e edifícios públicos. Apenas neste século foi o castelo objecto de restauro e beneficiação, libertando-se o seu interior para aí se instalar um auditório.

No terreiro diante do castelo ja não está a Igreja de Nossa Senhora do Castelo, entretanto destruída. E da muralha antiga – que chegou a ser dupla – não resta muito para além do troço junto à Porta da Vila. Encimada lateralmente por uma torre sineira e com relógio, acrescento posterior, mantém ainda o escudo com a coroa real e as esferas armilares de D. Manuel I.

Ultrapassando a Porta da Vila deixamos a cidadela, o oval casco antigo da vila medieval formado por meia dúzia de ruinhas estreitas com casas de granito, e entramos na Praça da República, para além da qual a urbe se estendeu extramuros. Logo aqui fica o edifício dos actuais Paços do Concelho frente a frente com a Casa dos Britos, um solar do qual resta a entrada nobre com brasão e colunas cuja arquitectura rompe com a traça da vizinhança.

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