Castelo de Beja

O Castelo de Beja é um símbolo da cidade. Exemplo de fortaleza gótica, a imponência e elegância da sua torre de menagem impressionam.

No tempos dos romanos, Beja era a cidade mais importante do sudoeste peninsular, a Pax Julia. Posteriormente, foi integrada no al-Andalus islâmico, tendo passado para o reino de Portugal no século 13. A disputa entre muçulmanos e cristãos durou quase um século, deixando-a muito destruída e despovoada. Tendo recebido foral em 1254, por D. Afonso III, Beja era então a localidade mais meridional a receber a visita dos reis portugueses.

A construção do Castelo de Beja teve início no século 13, logo a seguir à conquista cristã da povoação, prolongando-se pelos séculos 14 e 15. As necessidades de defesa e vigilância motivaram a instalação do castelo, mas o mesmo serviu também para afirmar o poder do reino de Portugal. Nele foram introduzidas algumas inovações militares, optando-se por um sistema de defesa activa. A torre de menagem surge adossada às muralhas e já não no centro da fortificação, como acontecia na época românica. E surge uma série de torres, também adossadas às muralhas, no sentido de dificultar o acesso, bem como barbacãs, servindo de barreira para os invasores antes de chegarem às muralhas. Também os adarves e as ameias foram alargados, de forma a facilitar a movimentação da defesa no cimo das muralhas. Fortaleza tipicamente medieval, tem uma planta pentagonal irregular com seis torres defensivas, uma delas a de menagem, como referido.

A torre de menagem do Castelo de Beja é um elemento que se destaca não apenas no conjunto onde está inserida, mas também na paisagem cercana e até mais distante. Distinguimos facilmente Beja ao longe, desde a Vidigueira ou Aljustrel, por exemplo, ou de um monte de outro concelho vizinho, precisamente porque no aglomerado urbano vemos surgir uma espécie de seta apontada ao céu. Terá sido construída no século 14 em mármore e calcário e tem 38,80 metros de altura, fazendo dela a mais alta torre de menagem da península ibérica. É considerada uma obra prima da arquitectura militar gótica europeia.

Uma subida de 183 degraus permite-nos atravessar as três salas da torre até ao topo. Salas estas com características do período gótico, a segunda esfuziante, com tecto octogonal ogival com braços de estrela radiante esculpida com círculos de folhagem, e a terceira mais discreta, sendo visíveis algumas decorações figurativas antropo-zoomórficas.

Pelo caminho, abrem-se janelas que vão deixando vislumbrar a paisagem e, no alto, finalmente, obtém-se uma vista incrível não apenas para a cidade de Beja, abaixo, como para a planície sem fim alentejana, ao redor. Manuel da Fonseca chamou-lhe o “mirante do Alentejo”.

Descendo, podemos caminhar ao longo das muralhas e, depois, voltar à praça de armas do castelo, o terreiro que correspondia à alcáçova. A Casa do Governador destaca-se na sua fachada pintada a amarelo. Do final do século 15, teve alterações posteriores, mas preserva a primitiva arquitectura gótica, nomeadamente nos seus arcos. Talvez tenha sido construída para servir de paço na recepção ao Infante D. Afonso, filho do Rei D. João II, no seu casamento. Após a Restauração, em 1640, foi ampliada e ocupada pelo exército, servindo de caserna e cavalariça, tendo perdido a sua faceta de habitação nobre. Já nos anos 1930, no âmbito das obras em castelos promovidas pelo Estado Novo país afora, sofreu nova alteração, recebendo balcões que vieram de edifícios vizinhos então demolidos, conferindo-lhe o ar que agora podemos conhecer. Aqui fica hoje o Posto de Turismo e o Museu Jorge Vieira, escultor que doou o seu espólio a Beja.

As muralhas que acompanham o castelo já cercaram toda a cidade medieval, de que hoje restam ainda 28 torres e alguns panos de muralha pelo centro histórico. São ainda bem visíveis e identificáveis diversas portas de entrada na cidade, com destaque para as duas junto ao castelo, a de Évora e a de Avis. A Porta de Avis, adossada à muralha do castelo, é considerada por alguns historiadores como sendo do período romano. Também por isso, não se sabe com certeza se na construção da muralha cristã foram aproveitados ou não muros anteriores. Muito haverá ainda por descobrir nesta Beja de muitas facetas, construída ao longo dos séculos em camadas, conforme os ocupantes que nela se foram instalando. Basta ver o imenso “buraco” perto do Castelo e junto à Praça da República, lugar daquele que se crê ter sido o maior templo romano em solo português.

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  1. Que bom recordar, por momentos, a cidade que me acarinhou tão bem por 7 anos da minha vida.

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