Graz…Graz é daquelas cidades sobre as quais pouco sabia. Ainda assim estava na minha lista mental de sítios a ir. Tudo pelo seu icónico museu, Kunsthaus. Este ex-libris da cidade austríaca navegava no meu imaginário.
Desta forma, quando programámos a viagem que iríamos fazer à Eslovénia, tratei de incluir Graz no programa, já que se localiza a poucas dezenas de quilómetros da fronteira com o país da ex-Jugoslávia.
Ficou, assim, a nossa base de chegada e partida de avião.
Fomos, visitámos e voltámos e ficámos a saber que se trata da capital centro-oriental de Estíria, que é a segunda maior cidade austríaca, com cerca de 300 000 habitantes, e tem muitas propostas interessantes.
É também uma cidade universitária e jovem, ainda que por a termos visitado na Páscoa não sentimos a vibração própria das cidades com estas características.
Sentimos, porém, que é rica em arte, em design e na cena culinária e vinícola, fruto da produção de vinho no Estado de Estíria.
Inicialmente foi construída à volta de Schlossberg, um antigo castelo altaneiro, onde de hoje podemos admirar de cima o centro histórico e apreender como a cidade se desenvolve, já que daqui alcançamos uma vista ampla.
Na colina do Schlossberg percorremos entre árvores diversos caminhos, alcançamos a Torre do Sino, a Glockentum (Torre do Relógio), o Pavilhão Chinês e muitos outros pontos, inclusivamente restaurantes com belas esplanadas.
Enquanto subimos vamo-nos surpreendendo aos poucos com a forma orgânica e fabulosa do edifício da Kunsthaus. Percebemos porque é apelidado carinhosamente pelos locais de ‘Alien Amigável’. Parece algo de outro mundo que aterrou na cidade. Simultaneamente está tão bem inserido na envolvente, que a palavra amigável se aplica extraordinariamente.
Os arquitectos Peter Cook e Colin Fournier brilharam com este espectacular edifício construído em 2003, ano em que Graz foi Capital Europeia da Cultura.
No interior do museu, as exposições patentes são difíceis. É a arte contemporânea do estilo o-que-é-que-o-artista-quer-comunicar. No meio do nosso questionar indignado pela não compreensão das obras vamos admirando a peça arquitectónica. É, de facto, admirável.
No sopé do Schlossberg encontra-se o centro antigo (Alstadt von Graz), muito bem preservado e onde encontramos diversos estilos arquitectónicos. Desde edifícios barrocos, a influências góticas, a jóias renascentistas.
É aí que está a Herrengasse, rua pedonal que liga a praça principal, Hauptplatz, onde se localiza a câmara municipal e um mercadinho, e a Jakominiplatz.
À volta encontram-se vários palácios, como Landhaus, em estilo renascentista italiano marcado pelo seu pátio, e a Luegghaus, actualmente loja da Swarovaki, com a sua fachada elaborada.
Ainda no centro histórico, subimos ao topo dos armazéns Kastner & Öhler, um edifício do fim do século XIX e completamente renovado em 2010. Ficamos um nível acima dos telhados vermelhos da cidade. E sentimo-nos mais próximos do céu, ao som da música que o DJ do café dos armazéns vai colocando.
Desde 1999 Graz é classificada pela UNESCO como sítio de património cultural mundial.
Não é uma grande metrópole, mas antes daquelas cidades que se palmilham na perfeição a pé e onde esbarramos, também, com a perfeição do que não tem ponta de desalinho.
De desalinho só o rio Mur, que corre debaixo das pontes que ligam a parte Poente com o lado Nascente de Graz e que contorna a Murinsel. Esta ilha/ponte anfiteatro-café em formato de concha é um dos símbolos recentes e que mostram como a cidade não cristalizou.
Esta obra enigmática do arquitecto nova-iorquino Vito Acconcido, foi também uma das aquisições do ano (2003) em que Graz foi Capital Europeia da Cultura. Uma bela aquisição.
Outra prova que a cidade não estagnou é o complexo Joanneumsviertel. Não só alberga diversos museus, como o Neue Galerie, o Museu da História Natural e o BRUSEUM, dedicado a Gunter Brus, como outros serviços culturais, nomeadamente a Biblioteca, como é um importante destaque urbanístico.
Fomos à maravilhosa Neue Galerie Graz, onde tivemos o privilégio de admirar, entre outras, algumas obras do fantástico Egon Schiele, do expressionista austríaco Herbert Boeckl, e do fabuloso de Ignaz Raffalt.
Contemplamos ainda a maravilhosa exposição temporária sobre o percurso artístico de Norbertine Bresslern-Roth (Animal Painter), artista nascida em Graz, e que era uma exímia pintora e ilustradora de livros com motivos de fauna e flora.
Houve ainda tempo de percorrermos a exposição de xilogravuras japonesas (Battle and Passion).
Um deslumbre.
Por toda a oferta que contém, é imperdoável não colocarmos Graz nos nossos mapas pessoais.