O Parque das Ribeiras do Rio Uíma fica em Santa Maria da Feira, a 20 minutos do Porto e longe de Lisboa, mas não o suficiente para que deixássemos de lá ir conferir este maravilhoso pedaço de natureza.

O rio Uíma é um afluente do Douro, com nascente em Romariz e foz em Crestuma, não tendo muito mais do que uma vintena de quilómetros. Fiães fica mais ou menos a meio do curso do rio e por aqui temos dois pontos onde podemos estacionar o carro junto à Estrada Nacional 326 e iniciar o percurso pedestre linear de cerca de 1,5 kms (para cada lado), grande parte dele em passadiços. No entanto, muitos outros caminhos irradiam do trilho, pelo que os quilómetros de caminhada à nossa disposição podem facilmente duplicar ou triplicar.


Caminhamos sempre junto ao rio, umas vezes sem o perceber mas logo depois abrindo-se à nossa companhia. E caminhamos quase sempre à sombra, sendo esta uma caminhada apropriada mesmo em dias de calor. Vamos debaixo de salgueiros e sabugueiros, o sol nem rompe em diversos pontos, mas ainda assim dá vontade de meter os pés na água sem receio das salamandras (de pintas amarelas) ou lontras – que não vimos. Podemos caminhar, correr ou até pedalar na bicicleta. Não é um lugar deserto, pois que o bom não dura guardado em segredo. Mas, de qualquer forma, há espaço suficiente para nos deliciarmos a apreciar a biodiversidade do Parque. Este é um sistema integrado de zonas húmidas, terrestres e de ocupação humana, esta última felizmente a menos visível. A diversidade de habitats é muito rica, quer ao nível de espécies vegetais quer animais, e nós somos testemunhas privilegiadas, podendo observá-la de muito perto ao percorrer este corredor ecológico. O bosque que nos envolve é dominado por árvores e arbustos de grande porte, criando um ambiente denso e sombrio (no bom sentido), sempre à margem do rio.


Mas também um ambiente encantador e romântico, até, como aquele produzido pelas árvores com o tronco praticamente todo coberto de hera. Não falta sequer um banquinho para descansar, sem deixarmos de admirar o cenário. Pouco depois aparece um pequeno açude, onde o som da água que até aí era uma presença discreta se torna forte.


Ao longo deste percurso a paisagem vai variando. Os passadiços cobertos de vegetação, o caminho de terra aberto, a várzea estendida à nossa passagem, os charcos de tamanhos diferentes (mas todos com elevada biodiversidade) e a discreta torre de madeira transformada em posto de observação. E, claro, o rio que vai serpenteando por todos estes elementos, sempre sossegado, fazendo desta uma muito agradável caminhada.