Museus de Berlim – Stasi

E, por fim, no que respeita a museus em Berlim, uma última referência para o Museu da Stasi.

Porque em qualquer visita a Berlim as marcas da sua história recente são presença constante, maxime o seu Muro e o folclore do Checkpoint Charlie, esta é uma boa proposta para se perceber ou recordar a política da antiga RDA. A visita ao Museu da Stasi faz-nos parecer que estamos num filme como o “Adeus Lenine” ou o “A Vida dos Outros”. Todo um mundo que – felizmente – parou no tempo.

A Stasi era o nome pelo qual todos designavam o Ministério da Segurança do Estado da antiga RDA. Com o fim da II Grande Guerra Mundial os comunistas alemães na liderança do país, mas sob direcção dos soviéticos, estabeleceram um regime ditatorial. O partido dominante, a SED, montou um sistema de poder baseado na força, em ameaças e privilégios em que a Stasi, o centro operacional deste sistema, tinha acesso a praticamente todos os aspectos da vida e do dia-a-dia de cada cidadão. O controlo era intenso e os cidadãos eram ensinados a conformarem-se e a contribuírem para este sistema. Quem o fizesse, era agraciado. Quem fosse visto como uma ameaça, seja pelo corte de cabelo, uso de roupa ou gosto musical de influências ocidentais ou qualquer outra conduta subversiva hostil ao socialismo, era reprimido.

O Museu da Stasi está hoje instalado naquele que era o seu antigo quartel general, nomeadamente na Haus 1, onde Erich Mielke, o então ministro, tinha o seu gabinete. Impressiona este quarteirão imenso de prédios enormes mas sem vida. Tirando o Museu e mais um ou outro espaço tudo está incrivelmente vazio. Não é fácil para qualquer povo conviver com a sua história macabra e neste caso os alemães ainda não conseguiram dar destino a esta área brutal que albergou os inúmeros serviços da Stasi. Os últimos habitantes destes prédios, onde ainda se veem cortinas com rendas, foram uns refugiados sírios.

No tempo da Stasi haveria também certamente cortinas. Mas os métodos de impedir olhares estranhos eram outros e mais rebuscados, como este de desenhar uma solução arquitectónica que barrasse a vista para a entrada da Haus 1 sem deixar de lhe dar um cunho modernista.

A exposição do Museu, na tal Haus 1, ilustra e explica a estrutura e o desenvolvimento das operações da Stasi. Os seus ficheiros com informações dos cidadãos chegaram ao número astronómico de 5,4 milhões. Diz-se que dispostos todos em fila, juntos, iriam de Berlim até Varsóvia e ainda retornariam para fazer mais meio caminho. Em 1989 a Stasi tinha oficialmente cerca de 91 mil funcionários, mas muitos mais cidadãos colaboravam com ela. Em proporção com o número de habitantes do país, a Stasi foi uma das maiores polícias secretas do mundo. E aqui no museu são-nos apresentadas algumas das pessoas que para ela trabalhavam e os métodos que empregavam, alguns deles vistos hoje de longe de um arcaísmo incrível. O filme “A Vida dos Outros” é, aliás, exemplar nessa imagem. O escritório de Erich Mielke, o então ministro, lá está, tão preservado com o mobiliário na sua forma original que é impossível não nos sentirmos num filme classe B datado no tempo.

Uma visita guiada a este Museu da Stasi é uma boa ideia, pelo que de histórias nos tem para contar para além daquilo que está exposto.

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