Melgaço é o concelho mais a norte do nosso país, situado na raia com Espanha, onde o rio Minho faz de fronteira natural entre os dois países.
Já tinha estado em Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença e Monção, mas faltava-me Melgaço.
Esta é uma vila medieval com um castelo ao redor do qual se desenvolveu um pequeno núcleo urbano histórico. A vila entretanto cresceu e estendeu-se e hoje até acolhe a Escola Superior de Desporto e Lazer do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Famosa pelas suas termas e pelo Alvarinho, na região é de visitar ainda Castro Laboreiro (o que fiz) e a Branda da Aveleira (o que ficará para uma próxima).
A minha visita à vila ficou bastante comprometida por ter sido feita a uma segunda-feira. Explique-se: o Castelo encerra às 2ªs feiras, o Museu de Cinema Jean Loup Passek encerra às 2ªs feiras e o Espaço de Memória e Fronteira encerra às 2ªs feiras. Mas como as ruas da vila nunca encerram, lá entrei pela Porta da Vila onde à entrada nos recebe Inês Negra e caminhei pela Rua Direita e pelo seu casario.
Implantada numa colina, Melgaço é feita de ruas estreitas que se vão cruzando, tipicamente medievais. Logo passamos pelo Solar do Alvarinho. Este edifício era a antiga Casa da Câmara, Tribunal e Cadeia. Distinto, na sua fachada destacam-se os arcos e o alpendre. O seu interior é reservado para as provas do vinho Alvarinho.
Pouco mais adiante surge a Igreja Matriz ou de Santa Maria da Porta, construção do século XIII. Já fora da cerca de muralhas (de que pouco resta nos nossos dias), a Praça da República tem a sua graça. Uma fonte hiper-decorada rouba a atenção, enquanto que as portas ogivais de um dos seus edifícios desviam da serenidade da Praça.
Mas é o Castelo, com a sua Torre de Menagem que se destaca na paisagem desde ao longe à aproximação de Melgaço, o ex-libris da vila. Curiosamente, quando caminhamos pelo centro histórico, do qual a Torre é parte integrante, esta não se percebe assim tanto, não porque os edifícios que a rodeiam sejam também eles altos, pelo contrário, mas porque tudo é tão compacto que não chegamos a perceber a sua forma na plenitude. Ainda para mais, como já referi, o Castelo estava encerrado.
O Castelo de Melgaço é uma construção do século XII, data também da primeira carta de foral concedida por D. Afonso Henriques. De forma oval, esta fortificação era parte da linha estratégica de defesa do rio Minho. O seu papel era, no entanto, curioso: enquanto na posse dos portugueses, desempenhava um papel de castelo de detenção contra Leão durante a Reconquista, enquanto que para os castelhanos servia de lugar de penetração em conjunto com as outras conquistas na mesma linha.
Fora do núcleo urbano, mas a ele contíguo, destaque para os vários pontos de vista que se abrem aos vales recortados e verdejantes do Minho. E destaque, igualmente, para a Igreja e Convento das Carvalhiças. A igreja deste convento franciscano estava fechada (seria por ser 2ª feira?), mas vale a pena admirar o equilíbrio da sua fachada branca em estilo maneirista e barroco.
Mais afastado do centro, o Parque Termal do Peso e a zona do Centro de Estágios com diversas infra-estruturas desportivas, uma Pousada da Juventude e o Hotel e Spa Monte Prado, representam zonas verdes de luxo. Ambas estão ligadas por um percurso pedestre de pouco mais de 3 kms que segue em grande parte marginal do rio Minho.
Depois de ter visitado as 5 principais povoações do Minho fronteiriças à Galiza, tenho assente que o que mais me encanta por aqui é, precisamente, o rio Minho. A possibilidade de vê-lo, acompanhá-lo, tocá-lo ou, tão só, senti-lo. E se em Melgaço esta presença é menos próxima do que nas outras povoações e, assim, menos evidente, nem por isso deixa de lá estar. Sentimo-lo, sempre.