A Vertente norte do Parque Florestal de Monsanto

A vertente norte de Monsanto possui, a noroeste, um dos primeiros miradouros do Parque.

A Luneta dos Quartéis é um dos locais mais elevados da cidade, a cerca de 178 metros de altitude, e aqui existiram algumas estruturas militares. No início da construção do Parque, nos anos 1930-1940, foi transformado em miradouro.

Do Miradouro da Luneta dos Quartéis temos praticamente a mesma vista que a do Jardim de Montes Claros. Mas na Luneta o abandono e o descaso são a nota dominante. Não falo da pouco atraente vista para a zona industrial da CRIL, mas antes do facto de terem deixado a vegetação à solta e esta ter crescido de tal forma que só nos empoleirando conseguimos apreciar a confusão da paisagem.

Se este lugar já não desempenha o papel de miradouro que foi em tempos (vêem-se ainda as caravelas nas lápides dos dois lados da sua entrada, mas nada mais), também o edifício lá no topo já viu melhores dias como restaurante e hoje está completamente grafitado e esventrado.

A uma curtíssima caminhada daqui ficam os quase escondidos Moinhos do Mocho. Até lá sentimo-nos totalmente envolvidos pela floresta, com copas das árvores altíssimas. Estes dois moinhos propõem-se a recordar o tempo em que a serra de Monsanto era uma de campos de cereais – e estas estruturas moíam a farinha que abastecia Lisboa – e entre eles existe um pequeno jardim que é o único sinal a contrariar a regra do abandono por aqui.

Este miradouro, por exemplo, simplesmente desapareceu por entre o arvoredo cerrado. Nada se vê daqui. Mas se conseguirmos abstrair-nos de um ligeiro sentimento de insegurança pelo remoto do lugar, é até um sítio tranquilo que nunca se imaginaria ser parte de uma cidade.

A nordeste do Parque Florestal de Monsanto encontramos a Mata de São Domingos de Benfica. Bem junto à Radial e com os comboios a passarem também por ali, consegue-se ao mesmo tempo ouvir os passarinhos a chilrear.

Os eucaliptos são a espécie dominante e o cheiro a orvalho acompanha-nos nas caminhadas pelos seus inúmeros trilhos após estes dias chuvosos.

A Mata de São Domingos acolhe ainda um parque infantil, uma torre de escalada e aquele que, provavelmente, será o mais bonito parque de merendas de Monsanto. Como bónus um tanque que oferece um belo reflexo na sua água.

Deixados para trás os Pupilos do Exército e o Palácio dos Marqueses de Fronteira, rapidamente chegamos ao Parque Recreativo do Calhau.

Com uma extensa área verde, daquelas em que em qualquer cidade do centro da Europa os seus cidadãos chamariam um figo ao acto de estender a toalha e deixar-se estar em biquíni aos primeiros raios de sol, este parque é ideal para nos deixarmos estar, seja a ler, namorar, brincar com crianças ou animais ou piquenicar.

Possui um miradouro na sua parte mais elevada, o Miradouro do Moinho das Três Cruzes. A vista dá para o trânsito do Eixo Norte Sul, com as Twin Towers lisboetas e as Torres das Amoreiras como testemunhas, o moinho está em ruína e um grupo de brasileiros fazia uma reza a uma deles, certamente para tirar o demónio de seu corpo.

Àqueles gritos pavorosos não pude senão descer rapidamente bosque adentro antes que me confundissem com algum parente do demo. E o bosque que envolve o prado do Calhau é bem bonito. Por entre sobreiros, azinheiras, carvalhos e pinheiros-mansos vamos descobrindo umas torres (moinhos?) cuja função original desconheço.

Atravessada a estrada da Serafina, do Parque Recreativo do Calhau passamos para o Parque Recreativo da Serafina.

Este parque, também conhecido como Parque dos Índios, deve ser um sonho para as crianças de hoje, com equipamentos que daqui a uns anos preencherão as suas memórias e os farão emocionar da mesma forma que o avião do Alvito fez e faz às das gerações de setenta e oitenta. Temos umas tendas, um farol, um labirinto. E baloiços mais convencionais para os menos aventureiros.

O restaurante Papagaio da Serafina fica aqui. Uma deliciosa pérgola também.

E o miradouro do Alto da Serafina é um ponto alto para os caçadores de grandes paisagens, mais um grande miradouro em Monsanto. Vemos a Ponte, vemos o Cristo e, como não podia deixar de ser, as Torres das Amoreiras ali estão, sempre a aparecer no postal em lugar de destaque.

Saindo do Parque Recreativo da Serafina temos, a uma curta distância, o Parque da Pedra e sua parede de escalada.

Curiosamente, o bairro da Serafina, ali mesmo em baixo do miradouro e na envolvência do Parque Recreativo, não se vislumbra – para se perceber os seus contornos nada melhor do que atravessar o Aqueduto das Águas Livres pelo alto dos seus arcos. E é de aproveitar os fins de semana deste ano de 2018, que as entradas em todos os núcleos do Museu da Água, e não apenas no seu maior ex-libris e de Monsanto, são gratuitas, em comemoração dos 150 anos da EPAL.

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