Monte Albán

Monte Albán é a maior cidade pré-hispânica da região de Oaxaca. Está situada sobre um conjunto de maciços montanhosos onde confluem os três vales de Oaxaca, a 1900m sobre o mar e a 300m sobre o vale. É uma daquelas implantações extraordinárias, sobranceira a todo o território, que nos faz apreciar ainda mais o engenho das antigas civilizações.

Para se chegar a Monte Albán a melhor forma é ir de táxi, uma jornada de uns vinte minutos desde o centro de Oaxaca sempre a subir. E é muito boa ideia vir cedo, pois por volta da hora do almoço o sítio começa a encher e perde a piada da sua pacatez.

O sítio arqueológico de Monte Albán é um dos mais importantes do México e o mais importante da região de Oaxaca. Com ocupação humana permanente durante cerca de 13 séculos, entre 500 a.C. e 850, foi no século XIX que se iniciaram os primeiros trabalhos de escavação do local. A zona arqueológica estende-se por 20 km2 e abarca um conjunto de três grandes montes no vale de Oaxaca: Monte Albán, Atzompa e Gallo. Este era o centro da cultura zapoteca e desde Monte Albán os zapotecas governaram os vales centrais de Oaxaca. Após o seu abandono progressivo até ao século X, não se sabendo ao certo o seu porquê, a cidade continuou sagrada para os zapotecas e os mixtecas que lhes sucederam. Seguiram-se os aztecas e, depois destes, os espanhóis, os quais fundaram Oaxaca em 1529.

A construção de Monte Albán passou por várias fases, mas desde os seus primeiros anos que esta foi uma cidade planeada, diz-se que a primeira do continente americano (embora tenhamos visto o mesmo anúncio em Teotihuacán). É um complexo de pirâmides, mercados, palácios e templos construído pelos zapotecas. Estava distribuída urbanísticamente de forma a que em cada topo – norte e sul – se erguesse uma plataforma. E sobre cada uma destas plataformas construíram-se os edifícios monumentais, incluindo pirâmides que se propunham a copiar a forma dos montes. Já as residências dos habitantes da cidade estavam distribuídas nas ladeiras, sobre a forma de terraços. Em baixo e ao centro, a Grande Praça, hoje um espaço largo sobre um manto de relva verdíssimo, 300m por 200m que correspondiam ao coração do centro cerimonial da cidade de Monte Albán.

Em cada uma das plataformas, os panoramas que se obtém são soberbos. Panoramas quer para o próprio complexo da cidade antiga de Monte Albán, com a belíssima Grande Praça em grande plano, como para os vales vizinhos, com vistas amplas de 360°. Esta implantação não foi certamente um acaso. Pelo contrário, os zapotecas privilegiavam na construção da sua cidade uma interacção com o meio ambiente e a paisagem natural que a rodeia.

Esta era uma sociedade altamente organizada que adoptou o estado como sistema de governo, dirigido pela classe sacerdotal. A economia era baseada no tributo prestado pelas demais comunidades do vale e na produção agrícola de milho e outros bens. A região era rica em recursos naturais como plantas medicinais, frutos e sementes de plantas silvestres, insectos comestíveis, animais de caça, bem como pedra, cal e adobe para a construção dos edifícios e barro para a cerâmica.

Os edifícios estavam construídos com uma disposição de forma a poder calcular-se os ciclos da agricultura. Aliás, em Monte Albán usavam já os zapotecas um sistema de calendários. Mais, terá sido das primeiras civilizações do México a usar um sistema de escrita.

O seu auge aconteceu entre os séculos IV e VII, quando a sua população chegou a atingiu 25 mil pessoas. No sítio arqueológico de Monte Albán existe um pequeno museu. E no Museu de Antropologia da Cidade do México podemos conhecer ainda mais sobre ele, vendo-se, nomeadamente, tumbas com uns frescos de cores vivas – o que não se vê in loco na própria Monte Albán. Aqui, para além das ruínas dos edifícios, apenas vemos umas poucas colunas de pedra com figuras dos Dançantes. E se em Monte Albán é visível, bem conservado, um interessante espaço feito de terraços de pedra com a forma de um campo de jogos, é no Museu de Antropologia que aprendemos melhor sobre esta ideia comum a várias civilizações pré-hispânicas.

Os terraços do Juego de Pelota não seriam lugares para os espectadores, mas antes espaços para se jogar este desporto ritual que tinha como finalidade determinar os perigos que o sol enfrentava na sua jornada diária pelo plano celeste e, assim, conjurar a sua possível destruição. Soa místico? Os zapotecas davam ainda grande importância à astronomia. Quanto a eventuais sacrifícios praticados na cidade, o nosso guia assegurou que não, ali não se fizeram nunca sacrifícios. Pois. Deve ser difícil admitir que num sítio com um ambiente tão inspirador se tivesse realizado alguma vez algo tão incompreensível para a nossa época.

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