Água Formosa é a única povoação do concelho de Vila de Rei integrante da rede das Aldeias de Xisto. E é a mais central, a 10kms quilómetros do centro geodésico de Portugal, ou seja, equidistante norte-sul e este-oeste dos limites da fronteira do nosso rectângulo.
Antes de tentarmos perceber o nome “Água Formosa”, e mais uma vez com a ajuda de uma olhada para o mapa, vemos que a aldeia fica perto do Rio Zêzere transformado em alfubeira de Castelo de Bode e não fica muito longe do Rio Tejo. No entanto, o seu nome vem de uma fonte de água pura alimentada pelas águas das ribeiras de Corga e da Galega, encaixadas num pequeno vale protegido por umas encostas de floresta. A água é um elemento sempre presente e foi ela que aqui fez fixar os primeiros habitantes.
A estrada que nos transporta até Água Formosa pára aqui, quer venhamos de um lado da aldeia quer do outro. Uma espécie de fim do mundo mas em versão boa. Natureza, tranquilidade e tradição é o que nos espera. E estas características andam todas de mão dada. A natureza – paisagem verde, som da água, rochas de quartzito e xisto – é a grande responsável pelo sossego e harmonia que aqui se vive. E ambos levam a que grande parte do edificado da aldeia esteja preservado e de pé, incluindo fornos a lenha, eiras, hortas e até água içada da ribeira desde o alto através de uma corda.
A qualquer passo pelas poucas e breves ruas da aldeia em sobe e desce se percebem os veios de quartzito e xisto a sair da rocha, os grandes alimentadores das pitorescas casinhas, muitas delas assentes directamente na rocha.
São menos de 10 os habitantes permanentes de Água Formosa, um pouco mais os sazonais e muito mais os visitantes. Há até algumas casas de alojamento local para aqui se desfrutar de uma noite bem dormida e uns dias bem passados.
Saindo de Água Formosa, em menos de 15 minutos chegamos à Praia Fluvial de Penedo Furado, depois de termos observado a paisagem do miradouro instalado no cimo do dito. O nome “furado” deve-se à abertura de forma afunilada no rochedo. A praia fluvial é uma das mais procuradas da região, de tal forma que no Verão fica difícil arranjar espaço para sentar na areia ou mergulhar na água transparente e impossível conseguir uma mesa para um piquenique.
Aqui começam uns dos mais recentes passadiços no nosso país. Por enquanto são apenas 532 metros lineares, mas a Câmara Municipal de Vila de Rei pretende alargar o percurso de forma a torná-lo circular. Podem ser poucos metros mas cada um deles merece a pena ser pisado com leveza de forma a melhor se apreciar a paisagem que os rodeia. Rochas selvagens envolvem-nos ao mesmo tempo que um fio de água da Ribeira de Codes corre sem pressa até ao encontro da alfubeira de Castelo de Bode, logo ali ao fundo.
O fim dos passadiços é acompanhado de um pequeno trilho que nos deixa face a face com uma cascata que cai para uma piscina natural. Subimos em sua direcção e no caminho vemos uns santuários erguidos no cimo dos montes-miradouros e mais ao fundo uma série de outras piscinas naturais e quedas de água. Dizem que aqui é o paraíso e pelo menos um casal lá em baixo, quase que escondido na vegetação, fazia por o tomar à letra.
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