Faro

Faro é a maior cidade do Algarve e não tem parado de crescer nos últimos anos. Ou seja, muito há para visitar. No entanto, esta nossa visita apenas passou rapidamente pelo Bairro Ribeirinho e demorou-se na Vila Adentro, deixando de fora instituições que mereciam certamente uma visita, como o Mercado Municipal, o Teatro Lethes e a Igreja do Carmo. Estes são dois dos três centros históricos da cidade, separados pela Marina e pelo Jardim Manuel Bívar – onde para trás do Banco de Portugal se estende o Bairro da Mouraria, o terceiro centro histórico de Faro.

O Bairro Ribeirinho é um centro com uma série de ruas estreitas, algumas delas pedonais, quase todas carregadas de graffitis. Tem habitação, restaurantes, comércio, mas deu para perceber que apesar de alguns edifícios reabilitados e outros com reabilitação em curso, muito mais há para fazer.

A Marina de Faro está voltada para a Ria Formosa, tal como o centro histórico de Faro. No século IV a.C. a então Ossonoba era um dos mais importantes centros urbanos do sul do que é hoje Portugal, com os fenícios a dominarem o comércio. Mais tarde vieram os romanos, os visigodos e os mouros. No século IX, era então Santa Maria, foi muralhada pelos mouros e ao seu nome foi acrescentado de Harune. Com a conquista da cidade aos mouros, em 1259, D. Afonso III muda o nome para Santa Maria de Faaron ou Santa Maria de Faaram, dando mais tarde origem ao topónimo Faro que hoje conhecemos.

A sua localização geográfica sempre foi estratégica, com a Ria Formosa como protectora natural de ataques de corsários, e durante séculos o comércio de sal e produtos agrícolas vindos do interior do Algarve fizeram com que Faro se desenvolvesse ainda mais. Elevada a cidade em 1540, foi no século seguinte que se construiu uma nova cintura de muralhas que envolvia a urbe e ia até junto à água da Ria Formosa. É por aqui que se percebe ainda esta antiga estrutura defensiva e do castelo subsistem torres e baluartes.

Pelo Arco da Vila entramos, então, pela Vila Adentro. É um belíssimo portal monumental inaugurado em 1812. Nas suas costas permanece a Porta Árabe, a entrada na cidade muçulmana de Santa Maria. Após um ligeiro cotovelo, subimos levemente pelo empedrado da calçada numa rua estreita rodeada de edifícios brancos.

É uma bela recepção, a qual uns metros depois nos deixa no Largo da Sé. Aqui fica a Câmara Municipal, o Paço Episcopal, o Seminário Episcopal e a Sé Catedral, um espaço amplo digno de uma capital regional. A Catedral, construída sobre as ruínas de um templo romano e tornada mesquita na era moura, é uma mescla de estilos, bem visível pelo corpo central constituído por torre quadrangular gótica do século XV, sendo o restante corpo construção posterior.

O interior da Sé é monumental, com abundante decoração barroca. E no pátio interior vemos um pequena capela decorada com ossos. Do alto da Torre da Catedral percebe-se de forma perfeita a implantação geográfica de Faro e toda a beleza e detalhes deste Largo. Destaque imediato para a tranquilidade da Ria Formosa e para a elegância dos telhados tesoura do Paço Episcopal. A vista é fantástica.

Vamos espreitar a Ria Formosa mais de perto, passando pelo pequeno Arco da Porta Nova, e seguimos junto à muralha e à ria, com o carril do comboio de permeio. Logo se percebem algumas construções industriais ao fundo e, sobretudo, aquela com que, com pouca demora, ficamos face a face. Nas décadas de 1930-40 foi destruída parte da muralha para abrir a Rua Nova do Castelo e sobre o castelo cresceu a Fábrica da Cerveja Portugália, um dos primeiros edifícios em betão armado na cidade, mas que nunca chegou a funcionar como fábrica.

Contornamos a Vila Adentro por fora junto à muralha e ao espaço ajardinado a ela colado. E entramos novamente na Cidade Velha, mas agora pelo Arco do Repouso, assim chamado por D. Afonso III aí ter repousado. E é a estátua deste rei que vamos encontrar no largo defronte do Convento de Nossa Senhora da Assunção, hoje transformado em Museu Municipal de Faro, de que vale a pena apreciar os claustros.

E a partir daqui é caminhar livremente pelas curtas e escassas ruinhas da Vila Adentro, percebendo que os seus edifícios têm vindo a ser reabilitados e que uma nova vida lhes está a ser dada, com restaurantes e espaços culturais para entreter os visitantes do Algarve para além da praia.

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