Quinta das Conchas e dos Lilases

A Quinta das Conchas e dos Lilases, no Lumiar, é hoje a terceira maior área verde de Lisboa, apenas ultrapassada por Monsanto e pelo Parque da Bela Vista.

A origem destas quintas remonta ao século XVI. Eram então duas propriedades separadas e assim permaneceram até ao final do século XIX quando Francisco Mantero as adquiriu. Comerciante nas colónias ultramarinas e proprietário de roças em São Tomé e Príncipe, quando Mantero tomou a Quinta dos Lilases para si esta era uma típica propriedade agrícola às portas da capital, lugar de veraneio por excelência, composta por palacete (ainda hoje com fachada virada para a Alameda das Linhas de Torres), cavalariça e picadeiro, jardim de inverno e zona agrícola. O roceiro foi recuperando e ampliando a quinta onde se propôs viver – e viveu – grande parte do seu tempo, e entregou ao arquitecto Norte Júnior a missão de projectar uma solução para a união dos dois corpos do edifício de habitação da quinta.

É essa obra, uma galeria em ferro e vidro que rasga a fachada, que ainda hoje podemos admirar desde o jardim. Mas Mantero fez mais do que conferir um ambiente colonial ao edifício principal da quinta. Na Quinta dos Lilases construiu um lago artificial com duas pequenas ilhas em representação de São Tomé e Príncipe. E na mata da Quinta das Conchas construiu um outro palacete.

Em 1968 a família Mantero acabaria por vender ambas as propriedades à Câmara Municipal de Lisboa e desde 2005 a Quinta das Conchas e dos Lilases apresenta-se requalificada e transfigurada de zona de produção agrícola para um imenso jardim com cerca de 25 hectares. Rodeado por prédios, este é um oásis urbano onde se encontra lado a lado tranquilidade, animação e até mistério.

A Quinta dos Lilases, mais discreta e separada pela das Conchas por um muro, parece algo descuidada. Para além do edifício principal e do lago, encontramos aqui uma zona de pomar comunitário.

É a Quinta das Conchas, com o seu extenso e luminoso relvado, que rouba (quase) todas as atenções. O manto de relva com diversos ambientes é quase infinito.

Ao longo dele temos árvores, um grande lago, parque de merendas, parque infantil com tobogãs, cafeteria e restaurante com esplanada e até um palco no meio de todo este espaço. No Verão costuma haver aqui cinema ao ar livre. A água é um elemento com uma presença marcante, não apenas pelo lago, mas também pela espécie de levada que segue ao longo do relvado e pela parede em cascata na parte superior do jardim.

Ao contrário da plana Quinta dos Lilases, o jardim da Quinta das Conchas tem um pequeno declive. Declive esse que se torna ainda mais acentuado na mata da Quinta das Conchas. Este é o terceiro espaço bem definido que, em conjunto, constituem este Parque. Há uma série de caminhos que se cruzam, quase um labirinto, por entre uma mata de cipreste do Buçaco. A vegetação é densa e em nenhum lugar como na mata nos sentimos mais longe da selva de pedra que está ali mesmo ao lado. Todavia, um pouco por todo o Parque encontramos espécies arbóreas e um coberto vegetal rico e variado o que não é, de todo, costume em espaços verdes urbanos.

Já se percebeu onde está a tranquilidade e a animação, mas falta o mistério. Pois bem. Embrenhados pela mata, uns metros caminhados e uns segundos respirados logo dão para sentir um ambiente bem diferente. Onde irão dar aqueles caminhos que quase não deixam entrar os raios de sol? A muitos lados, mas de propósito ou por acaso transportam-nos até um palacete abandonado no meio da mata. O tal construído por Francisco Mantero no princípio do século XX. Hoje uma ruína, a sua elegância é ainda visível, com destaque para as janelas em arco no segundo piso. Histórias e lendas não lhe faltam e conta-se que o lugar está assombrado por uma são-tomense por quem Mantero se apaixonou e que para aqui trouxe cativa. A atmosfera da mata não nos deixa duvidar da lenda.

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  1. rimbaud26 diz:

    (…) Esta bonito este espaço verde de Lisboa.
    Fiz aqui muito footing na época em que se procedia á sua transformação em espaço público.

    Os ulissiponenses agradecem esta divulgação da destes espaços na cidade.

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