Pela Madeira, a pé

Dizer que só se conhece verdadeiramente a ilha da Madeira depois de se percorrer a pé o seu interior não é cliché, é a mais pura das certezas. Aquela imagem da “Pérola do Atlântico”, sempre com sol e clima ameno, é apenas parte da história, uma história que varia de sul para norte e da costa para o interior. Já escrevia o historiador Gaspar Frutuoso, o cronista das ilhas, que a Madeira era feita de “altas rochas, profundas ribeiras, ásperos caminhos, espessos montados”. Para testemunhá-los temos à nossa disposição um infindável número de caminhos por levadas e veredas espalhados por toda a ilha. Uns oficiais, outros não tanto, todos eles fazem parte do património natural e cultural da Madeira. À beira mar, na montanha (a ilha tem 3 picos acima dos 1800 metros de altitude) ou pela floresta (a Laurissilva da Madeira é a maior e mais bem conservada no mundo), a diversidade é total e há trilhos para todos os gostos e forma física. Só para se ter uma ideia, numa ilha com 737 km2 existem 1400 kms de canais de irrigação de água, as famosas levadas construídas por questões de sobrevivência agrícola e que hoje fazem as delícias de todos nós, turistas e caminheiros.

Distinguindo: veredas são os trilhos que ao longo dos séculos foram sendo abertos para ligar povoações ou aceder às terras agrícolas ou de pastagem; levadas são os canais de água que desviam a água das ribeiras e a transportam para onde ela é necessária. Ambas, veredas e levadas, estão hoje adaptadas para que os caminhantes a lazer delas possam beneficiar.

Depois de em tempos termos percorrido a Vereda das 25 Fontes + Levada do Risco (PR 6 / 6.1) e a Vereda dos Balcões (PR 11), duas das caminhadas que constam em qualquer top, desta vez alargamos o leque a outras das mais icónicas da ilha. A saber:

– Vereda da Ponta de São Lourenço (PR 8), 8 quilómetros (ida e volta) de dificuldade moderada pela ponta mais oriental da ilha.

– Vereda do Areeiro (PR 1) + Vereda do Pico Ruivo (PR 1.2), 10 quilómetros lineares pelo maciço central da ilha, desde o Pico do Areeiro até à Achada do Teixeira, com passagem e subida ao Pico Ruivo, o mais alto do arquipélago. Dificuldade moderada tecnicamente, algo difícil em cansaço físico e completamente fácil em prazer e emoção.

– Levada do Caldeirão Verde + Caldeirão do Inferno (PR 9), 13 ou 17 fáceis ou moderados quilómetros, dependendo se se estende o passeio até ao Caldeirão do Inferno). Com início e final no Parque Florestal das Queimadas, em Santana, caminhamos pela Laurissilva em todo o seu esplendor.

– Vereda do Fanal (PR 13), 11 moderados quilómetros com início no Paul da Serra e final no Posto Florestal do Fanal. As árvores, ou melhor, a forma das árvores da floresta Laurissilva é a grande protagonista deste percurso onde não raro aparece outro enorme personagem para dar ambiente: o nevoeiro.

– Levada do Alecrim (PR 6.2) + Vereda da Lagoa do Vento (PR 6.3), 7 fáceis quilómetros de ida e volta com mais 3,6 moderados quilómetros de desvio à Lagoa do Vento, imediatamente acima da Lagoa do Risco. Com início e final no Rabaçal, este é o centro de caminhadas por excelência da ilha, com diversas opções de percursos.

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