Milos, a ilha das praias

Milos é uma das muitas ilhas das Cíclades.

Detentora do título de ilha grega com mais (e melhores) praias, cerca de 70, não é no entanto uma das primeiras opções para a generalidade daqueles que se propõem visitar as Cíclades. A verdade é que há quase uma ilha grega por habitante e para cada gosto e a escolha é quase infinita.

Tendo conhecido apenas Santorini e Milos, o balanço é o melhor possível, uma complementando a outra. Desde logo no que ao buzz e à quantidade de pessoas que as visita diz respeito. É uma felicidade constatar que mesmo em Agosto numa ilha como Milos podemos encontrar praias só para nós e em nenhum lugar se sente a pressão turística. É até possível alugar um carro de um dia para o outro em plena temporada alta (e o aluguer de carro é essencial para se percorrer Milos, uma vez que à semelhança de Santorini os táxis são caríssimos e os autocarros ainda menos convenientes).

Uma das razões para que Milos tenha estado até hoje relativamente afastada do radar do turismo de massas é o facto de ter sido considerado por muitas décadas um local industrial. Várias são as minas na ilha, de obsidiana, de perlite e de outros minerais. A obsidiana já era mesmo comercializada no tempo da civilização Minóica, que a transformava depois em armas e lâminas. Ainda hoje se vêem no meio da paisagem algumas dessas minas e parafernália industrial que lhe está associada, mas de forma discreta e sem a prejudicar.

Todavia, é essa riqueza mineral de Milos que faz da ilha um paraíso geológico com formas ricas, surpreendentes e curiosas.

A praia mais famosa de Milos é a de Saraniko. E é, precisamente, aquela que melhor se encaixa nos epítetos de surpreendente e curiosa. Um pequeno corte na terra forma um vale que nos transportará até ao mar. Mas esse mar parece ser aqui banhado por uma paisagem lunar branca. De formação calcária erodida pelo vento e pela água salgada, as rochas de Saraniko têm suaves relevos que, a juntar à sua cor alva, chegam a fazer lembrar lençóis brancos. A praia de areia é mínima e até chegar ao mar algo agitado forma uma espécie de lago muito concorrido.

Saraniko fica a norte, tal como Papafragas, também no top das mais fotografadas de Milos. As formações rochosas em vários estilos continuam a dominar a paisagem e aqui são formadas várias caves por onde a água corre mais ou menos rente. Numa delas duas paredes rochosas altas deixam ver uma piscina natural em baixo, com direito a um minúsculo areal. A descida é desaconselhada, daí que seja avisado contemplar o cenário desde cima. Havíamos visto fotos incríveis do sítio, onde a água de um azul intenso contrastava na perfeição com a paisagem rochosa com vegetação escura rasteira. Mas não tivemos a sorte de apanhar essas cores.

Pudemos, no entanto, confirmar o azul cristalino das águas de Milos na sua costa a sul.

Tirando a norte, nem toda a costa de Milos é facilmente acessível. Parte dela alcança-se com um veículo 4×4 ou então exclusivamente por barco. Aliás, nenhuma visita a Milos ficará completa sem que a sua costa muito particular seja avistada desde o mar.

E Kleftiko, acessível apenas por barco na costa sul, é um lugar imperdível. Seguimos, então, num passeio de barco de meio dia desde Kipos. Calmamente fomos apreciando esta costa feita de rochas brancas com relevos pintalgadas aqui e ali por alguma vegetação verde. Várias covinhas se formam nestas densas e altas rochas. E a piada deste passeio está não apenas na belíssima e rara paisagem, como também na possibilidade de nadarmos neste mar azul quente por entre as muitas caves naturais.

Algumas destas caves são verdadeiros túneis longos, outras apenas arcos breves. No arco que fica na base da rocha mais famosa de Kleftiko descobrimos ainda, como bónus, um fundo marinho lindíssimo e de um azul tão intenso que não vai ser fácil apagar da memória. Fica o aviso: não esquecer os óculos de natação (coisa que esquecemos e tivemos de ganhar coragem para interromper por momentos a diversão de outros para pedir emprestado o material essencial a este passeio). Aqui podemos passar horas na água, a nadar, a boiar, a explorar. Diz-se que piratas que por aqui passaram há séculos esconderam numa das caves o seu tesouro e esse é apenas mais um motivo para adoçar este passeio único.

A sul, e acessível de carro, ficam algumas praias onde vale a pena estender a toalha nos seus relativamente extensos areais e onde existem apoios de praia para uma refeição à beira-mar.

Provatas

Fyriplaka

Paliochori

Mas a praia mais bonita, mas com uma descida difícil e perigosa, é a de Tsigkrado. A vista desde o topo para aquelas águas transparentes é fabulosa e faz qualquer um apaixonar-se irremediavelmente pela costa de Milos.

Para terminar em beleza, não faltou sequer a despedida do sol na simpática vila de Pollonia.

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