De todas as cinco vilas medievais do Sabugal, Alfaiates é a que está mais perto da fronteira com Espanha. E, à semelhança do Sabugal e de Vilar Maior, estava no domínio do Reino de Leão e Castela até à assinatura do Tratado de Alcanizes, em 1297. Era, então, designada por Castillo de Luna. Mas, muito antes, crê-se que quando os romanos por lá andaram encontraram no lugar do hoje castelo um castro da Idade do Ferro. No entanto, o topónimo “Alfaiates” deriva da palavra árabe “Al-Chait” e uma das interpretações é que, apesar da sonoridade semelhante àquela que designa a profissão, remeterá, ao invés, para a ideia de muro, querendo referir-se, precisamente, à muralha castreja com que também se depararam os mouros.

Foi D. Dinis quem, na sequência do dito Tratado, concedeu foral à povoação e mandou reconstruir o castelo. Mas a fortaleza que chegou aos nossos dias é o resultado das intenções de D. Manuel I, que renovou foral a Alfaiates em 1515. Ou seja, apesar da sua origem anterior, o Castelo de Alfaiates pode ser considerado o mais recente das terras de Ribacôa. Recinto quadrangular, ostenta na fachada principal o brasão real de D. Manuel I enquadrado por duas Cruz de Cristo e duas esferas armilares, símbolos tipicamente manuelinos. A cruz maior que encima as armas reais é o testemunho de uma faceta posterior deste castelo, a da sua função de cemitério a partir de 1903.

Antes disso, Brás Garcia de Mascarenhas foi um fidalgo e militar (e também poeta, em cuja povoação de origem, Avô, já tínhamos tido o prazer de sentir as suas palavras) que teve em Alfaiates um papel determinante na época da Guerra da Restauração, em especial nos melhoramentos que promoveu nesta praça militar, nessa data atacada. Não esquecer que Alfaiates era então a terceira mais próxima de Madrid em linha recta, depois de Miranda do Douro e de Vimioso. Também nas Invasões Francesas sofreu tormentas decorrentes das batalhas aí vividas, tendo servido de alojamento quer para as tropas francesas quer inglesas. A sua torre de menagem acabou por servir de paiol e, por acidente, foi destruída. Na altura da nossa visita decorriam obras de restauro, de forma a permitir a visita ao castelo e transformá-lo em miradouro.


Do castelo, situado no extremo sul da povoação, saem longas ruas longitudinais, onde se cruzam outras duas a elas transversais, formando quarteirões homogéneos e resultando num traçado urbanístico de inspiração francesa conhecido como “bastide”. Ao centro encontramos a igreja matriz e, mais adiante, no que pode ser considerado um outro centro, a igreja da Misericórdia, do século XIII ou XIV. Esta é uma igreja românica e gótica com pequena torre sineira e rosácea encimando o pórtico principal com entrada com três arquivoltas. No largo junto a ela, um tanque de água e uma série de edifícios maioritariamente de granito (mas também um ou outro caiado), todos diversos e com alguma grandeza, e o pelourinho quinhentista.