Vilar Maior

Sobretudo para os amantes de castelos, Vilar Maior é uma boa surpresa. Tem tudo: muralhas com uma distinta torre, possibilidade de caminhar pelo adarve enquanto se contempla uma serena paisagem e brincar de Indiana Jones no seu recinto ovalado, ruína cénica de antiga igreja, vila medieval perto do castelo e até uma ponte romana como testemunha de uma história longa.

Situado junto à fronteira, Vilar Maior fez parte do reino de Leão até ao Tratado de Alcanizes, transferindo-se para Portugal em 1297. O seu castelo domina um pequeno cabeço a cerca de 790 metros de altitude, contornado pelo rio Cesarão, enquanto que na vertente contrária passa não muito longe a ribeira de Alfaiates. Umas gravuras rupestres da Idade do Bronze e uma espada da mesma época, esta exposta hoje no Museu da Guarda, foram encontradas por aqui. Crê-se, pois, que no lugar tenha existido um castro, embora o topónimo “vilar” tenha origem latina, surgindo muitas vezes associado a pequenos lugares romanos, daqueles que não possuíam mais do que 1 ou 2 famílias. É, aliás, um diminutivo de vila. Os mouros também andaram por cá e após a conquista de Vilar Maior por parte dos leoneses deu-se o repovoamento e o seu castelo foi reconstruído. Antes da assinatura do Tratado de Alcanizes foi sucessivamente conquistada e perdida pelos portugueses – D. Dinis concedeu-lhe foral em 1296, um ano antes do Tratado -, mas só após a transferência definitiva para Portugal se construiu a torre que ainda hoje distingue a povoação, o que terá tido a colaboração dos Templários.

O castelo fica isolado da povoação, na sua vertente noroeste. Um caminho adaptado a qualquer pessoa foi instalado para melhor lhe acedermos. Entramos por uma das suas duas portas, aquela que é contígua à torre de menagem, com cerca de 35 metros de altura, e logo estamos no meio do recinto de traçado oval algo irregular onde já houve cisterna e ainda se veem uns afloramentos rochosos. Podemos subir ao adarve por uns degraus e por ele caminhar. As vistas são bem bonitas e a perspectiva do próprio castelo diferente.

A caminho da povoação damos com a ruína da antiga igreja medieval de Santa Maria do Castelo. Em estilo românico, da época moçárabe ou visigótica, resta apenas um arco correspondente à zona da capela-mor. A sua antiga pia baptismal foi levada para mais abaixo, para a igreja paroquial de Vilar Maior (também conhecida por igreja de São Pedro), que se crê ser de fundação medieval cerca do século XIII.

Com o avançar dos anos e a perda de importância do castelo, a muralha que rodeava toda a vila foi sendo destruída e usada para a construção de novas casas, sobretudo a partir do século XVIII, e a povoação foi alargando pela encosta e vale abaixo. Um passeio pelas ruas irregulares da hoje aldeia leva-nos a conhecer, para além da igreja matriz e do pelourinho, alguns solares, o Museu Vivo (instalado no edifício da antiga casa da câmara), o forno comunitário e a ponte medieval sobre o rio Cesarão. Esta ponte com três arcos de volta perfeita é do século XIII ou XIV, mas talvez tenha existido anteriormente no mesmo lugar uma ponte romana.

Como curiosidade, Vilar Maior serviu de refúgio a D. João, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro, depois de ter assassinado a sua mulher, sendo a vila então couto de homiziados. Sete séculos depois mantém o encanto e não precisamos de andar fugidos à justiça para que sintamos que a aldeia nos prende.

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